Cultura
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Arquiteto chinês Kongjian Yu, criador das cidades-esponja, morre em acidente aéreo

O paisagista e arquiteto chinês Kongjian Yu morreu em um acidente de avião em Mato Grosso do Sul na terça-feira (23). Ele era uma das principais atrações da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo 2025, que ocorreu em 19 de setembro no Pavilhão da Oca, no Parque do Ibirapuera.

Kongjian Yu foi criador do conceito de “cidades-esponja” e é considerado um dos maiores arquitetos do mundo. O foco da Bienal deste ano abordou trabalhos que respondem à emergência climática e aos desafios urbanos contemporâneos, como habitação, mobilidade, inclusão social e integração com a natureza, exemplificados pelo seu conceito inovador.

Esse modelo propõe a retenção da água da chuva no próprio ambiente urbano, diminuindo enchentes e garantindo reservas hídricas para períodos de seca.

Raquel Schenkman, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil responsável pela Bienal, lamentou a morte de Kongjian Yu, destacando sua simpatia e a capacidade de transformar o mundo com projetos que impactaram mais de 100 cidades na China.

Ela ressaltou que o trabalho do arquiteto é especialmente relevante para o Brasil devido à forte relação do país com seus rios, córregos e bacias hidrográficas. Segundo Raquel, ele ensinou a conviver com as águas evitando confiná-las em concreto, permitindo que elas se espalhem, filtrem poluentes e promovam a saúde pública.

A vereadora do Rio de Janeiro, Tainá de Paula, que esteve na abertura da Bienal, comentou nas redes sociais que Kongjian Yu defendia a água como solução em projetos, e destacava a importância de uma convivência menos agressiva com o meio ambiente.

Kongjian Yu era professor na Universidade de Pequim e diretor do renomado escritório de arquitetura paisagística Turenscape, fundado em 1998. Nascido em 1963 na vila Dongyu, Jinhua, na província chinesa de Zhejiang, ele também atuava como consultor do governo da China. Projetou obras em mais de 70 cidades capazes de absorver um volume de água superior ao que caiu no ano anterior no Rio Grande do Sul.

No acidente aéreo ocorrido na zona rural de Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, quatro pessoas faleceram: Kongjian Yu, os cineastas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., e o piloto Marcelo Pereira de Barros. Eles estavam a bordo de um Cessna de pequeno porte, prefixo PT BAN, que explodiu após atingir o solo na Fazenda Barra Mansa.

As equipes do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) e do Corpo de Bombeiros atuam na retirada dos corpos. As causas do acidente ainda são investigadas pelo Dracco. Amigos das vítimas informaram que eles gravavam um documentário sobre as “cidades-esponja”.

O acidente foi confirmado por autoridades policiais e do Corpo de Bombeiros e as investigações seguem em curso.

Créditos: g1 globo

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