Casos graves de intoxicação por metanol aumentam em São Paulo

Casos graves de intoxicação por bebidas contaminadas com metanol estão crescendo em São Paulo. Radharani foi a um bar em uma área nobre da capital para celebrar o aniversário de uma amiga, consumiu três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca sem perceber sabor estranho. Horas depois, ela passou mal, foi levada ao hospital pela irmã, internada na UTI, onde teve convulsões, foi intubada e perdeu a visão.

Camila Carbone Prado, médica do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox-Campinas), destaca que normalmente os casos de intoxicação por metanol estão associados ao consumo inadequado de álcool combustível, geralmente em periferias.

Essa ocorrência integra uma série de intoxicações por bebidas adulteradas com metanol no estado. Um dos casos mais graves é o de Rafael, jovem internado em coma desde o início de setembro, cujo estado é classificado pela mãe como irreversível.

O oftalmologista Fábio Azembal explica que os intoxicados podem apresentar alterações de consciência e confusão mental, mas os sintomas principais são gastrointestinais, como vômitos intensos, cólicas e dores abdominais. Ele alerta que esses sintomas podem ser confundidos com ressaca, mas a intoxicação exige atendimento urgente para evitar lesões graves ou perda da visão.

O Ministério da Justiça alertou bares e comerciantes para reforçarem a verificação da procedência das bebidas. Também orientou os serviços de saúde a considerarem a contaminação por metanol em pacientes com sintomas suspeitos. Familiares das vítimas aguardam respostas e cobram providências.

Segundo o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, seis casos de intoxicação por metanol foram confirmados desde junho, incluindo dois óbitos em São Bernardo do Campo e na capital. Há ainda dez casos sob investigação na capital.

O CVS apoia a fiscalização dos estabelecimentos envolvidos na venda dos produtos contaminados e reforça que o consumo de bebidas alcoólicas de procedência duvidosa apresenta risco à saúde, podendo conter substâncias tóxicas. A recomendação é que os estabelecimentos redobrem a atenção à origem dos produtos e que o público compre apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre e selo fiscal.

Em 26 de setembro, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) foi notificada pelo Sistema de Alerta Rápido (SAR) sobre nove casos de intoxicação por metanol em São Paulo em 25 dias, todos relacionados ao consumo de bebidas adulteradas.

O número de casos é considerado fora do padrão, e a ingestão ocorreu em contextos sociais, incluindo bares, com diferentes bebidas como gin, uísque e vodca. Essa situação é inédita no centro toxicológico. Existem possibilidades de outros casos não notificados, já que nem todos os intoxicados recorrem aos órgãos de vigilância.

A ingestão acidental ou intencional do metanol é perigosa e pode ser fatal. O cenário de adulteração é relevante para a saúde pública, podendo resultar em surtos com muitos casos graves e alta mortalidade, especialmente em grupos vulneráveis, demandando resposta rápida das autoridades.

O SAR funciona como subsistema do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, gerenciado pela Senad e vinculado ao Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas.

Créditos: g1 Fantastico