Saúde
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Ministro da Saúde explica dificuldades em adulterar cervejas com metanol

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esclareceu nesta quinta-feira (2) que a técnica usada por criminosos para adulterar bebidas destiladas não funciona para adulterar cervejas. Ele ressaltou a recomendação atual de evitar o consumo de destilados.

Padilha afirmou que os produtos destilados adulterados são incolores e utilizam técnicas que não se aplicam à cerveja, que possui tampa e gás, tornando a adulteração mais difícil. Casos antigos de “cerveja batizada” eram decorrentes de falhas na produção, com identificação possível do lote. Já os casos atuais de bebidas adulteradas indicam que a adulteração ocorreu após a produção. O ministro reforçou a orientação para evitar destilados nesse momento.

O Ministério da Saúde informou que o número de notificações de intoxicação por metanol no Brasil subiu para 59, entre suspeitos e confirmados, sendo que 11 notificações tiveram confirmação laboratorial da presença de metanol.

Foi estabelecido um estoque de etanol farmacêutico nos hospitais universitários federais, com a compra de 4.300 ampolas para garantir o abastecimento em centros de referência e unidades de saúde que não possuam esse antídoto. O etanol farmacêutico impede que o metanol seja convertido em ácido fórmico, substância mais perigosa.

O ministro explicou que estados que não possuam o etanol podem requisitar esse estoque e que a Anvisa identificou 604 farmácias no país aptas a produzir o etanol farmacêutico. Serão indicadas farmácias de referência em todas as capitais para atendimento rápido aos gestores de saúde estaduais e municipais.

Uma sala de situação foi instalada em Brasília com representantes dos ministérios envolvidos e órgãos reguladores para monitorar os casos e coordenar as ações.

Apesar de as autoridades não divulgarem a identidade das vítimas, o g1 localizou relatos de pessoas afetadas. Rafael Anjos Martins, de 28 anos, adquiriu gin adulterado e está em coma desde 1º de setembro, hospitalizado em Osasco.

Outros amigos que consumiram menores quantidades tiveram sintomas, como Nathalia Carozzi Gama, que perdeu parte da visão. A designer Radharani Domingos, de 43 anos, perdeu a visão após consumir caipirinhas feitas com vodca adulterada em um bar de São Paulo, que foi interditado.

Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, sentiu sintomas após consumir vodca adulterada em São Bernardo do Campo e está internada em estado grave. Wesley Pereira, de 31 anos, está em tratamento intensivo após tomar uísque adulterado em festa, apresentando várias complicações.

O advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos, morreu em São Paulo devido à intoxicação por metanol contida em vodca adulterada comprada em adega.

O ministério reforça a gravidade do consumo de bebidas adulteradas, alerta para o risco do metanol e apresenta estratégias para controle e tratamento.

Créditos: g1 SP São Paulo

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