1 em cada 5 garrafas de uísque ou vodca vendidas no Brasil é falsificada
Um estudo realizado em 2024 pela Euromonitor International para a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) revela que uma a cada cinco garrafas de uísque ou vodca vendida no Brasil é falsificada.
O número de notificações por suspeita de intoxicação por metanol aumenta diariamente no país. No dia 3 de outubro de 2025, a Bahia confirmou a primeira morte suspeita pela contaminação por essa substância. Os casos começaram a ser registrados em São Paulo e já atingem outras regiões.
Até o momento, foram registrados 53 casos em São Paulo, 6 em Pernambuco, 1 no Distrito Federal, 1 no Paraná e um em Bahia.
Uma operação recente apreendeu mais de 2.500 garrafas falsificadas e fechou nove estabelecimentos, enquanto 59 casos suspeitos de intoxicação estão em investigação no Brasil.
De acordo com o levantamento da Euromonitor International, 28% do volume de bebidas destiladas comercializadas no Brasil envolvem crimes como sonegação fiscal, contrabando, descaminho, falsificação e produção sem registro.
Os dois principais métodos de falsificação identificados são o “refil” de garrafas de marcas reconhecidas com produtos baratos e a adulteração com álcool impróprio para consumo humano, como o metanol, que representa grande risco à saúde.
A discrepância de preços é um fator que estimula a falsificação: produtos falsificados são, em média, 35% mais baratos que os originais e, na venda online, uísques falsificados podem custar até 48% menos.
João Garcia, gerente de consultoria da Euromonitor, destaca que a alta carga tributária, a dificuldade de fiscalização em um país extenso, a sofisticação das redes criminosas e a ampla divulgação dos canais informais e digitais alimentam o problema.
A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) sugeriu que o metanol usado para adulterar as bebidas possa ter origem em distribuidoras de combustíveis ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a associação, após uma operação policial que coibiu o uso de metanol no combustível, o produto teria sido repassado para destilarias e distribuidoras de bebidas. O governador de São Paulo, em coletiva, descartou essa ligação com a facção.
A intoxicação por metanol é uma emergência médica grave. Quando ingerido, o metanol é metabolizado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias tóxicas que podem levar à morte. Os principais sintomas são intensamente preocupantes.
O Procon-SP tem fiscalizado bares, restaurantes, adegas, casas noturnas e supermercados para verificar o cumprimento do Código de Defesa do Consumidor, especialmente rótulos, embalagens e notas fiscais. A fiscalização dos conteúdos das bebidas é competência do Ministério da Agricultura, que atua em conjunto com a polícia para apreensão e análise laboratorial. Em 3 de outubro de 2025, a Polícia Federal coletou amostras em indústrias de três Estados.
Na quinta-feira, 2 de outubro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou evitar o consumo de bebidas alcoólicas destiladas, principalmente as incolores cuja origem não seja confiável. Segundo ele, tais bebidas não são essenciais para a vida e sua ingestão deve ser evitada.
O ministro explicou que bebidas como cerveja são mais difíceis de adulterar dada a sua composição particular, mas mencionou casos anteriores de intoxicação causados por falha na produção do produto.
O primeiro caso de morte suspeita por intoxicação por metanol na Bahia ocorreu em Feira de Santana. A vítima, um motorista de 56 anos, foi internada em 28 de setembro e faleceu na madrugada do dia 3 de outubro. Amostras biológicas foram coletadas para análise laboratorial com resultado previsto em até sete dias para confirmação ou descarte da intoxicação.
As secretarias de Saúde da Bahia estadual e municipal confirmaram o ocorrido e seguem acompanhando o caso.
Créditos: Infomoney