Saúde
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Segunda morte por intoxicação de metanol em São Paulo é confirmada

Marcos Antônio Jorge Junior, de 46 anos, faleceu na quinta-feira (2.out.2025) após três dias internado em estado grave por intoxicação com metanol em São Paulo, conforme confirmou a Secretaria da Saúde do Estado neste sábado (4.out.2025).

Segundo o boletim de ocorrência, Marcos consumiu vodca adulterada em um bar da Zona Leste de São Paulo no domingo anterior (28.set.2025). Ele estava com amigos, que beberam apenas cerveja, e foi o único a ingerir a bebida destilada.

Na manhã seguinte, apresentou náuseas e visão turva, sintomas comuns à ingestão de metanol. Durante o dia, as condições pioraram, com dores no estômago e vômitos contínuos.

Depois de pedir ajuda à companheira, Marcos foi levado ao Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, no Tatuapé, chegando ao local em estado grave de intoxicação. O laudo médico indicou como causas da morte a intoxicação por metanol, insuficiência renal aguda, choque distributivo e morte encefálica.

O enterro ocorreu na tarde de sábado no Cemitério São Pedro, também na Zona Leste da capital.

O Ministério da Saúde atualizou o número de casos no Brasil para 195 de intoxicação por metanol após consumo de bebidas alcoólicas, com 14 casos confirmados e 181 em investigação, dados enviados pelos estados até as 16h da última sexta-feira ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde Nacional (Cievs).

São Paulo concentra a maioria dos registros, com 162 ocorrências: 14 confirmadas e 148 em apuração. Outros estados com casos suspeitos incluem Pernambuco (11), Mato Grosso do Sul (5), Paraná (3), Bahia (2), Goiás (2), Rio Grande do Sul (2), Distrito Federal (1), Espírito Santo (1), Minas Gerais (1), Mato Grosso (1), Rondônia (1), Piauí (1), Rio de Janeiro (1) e Paraíba (1).

Ao todo, 13 mortes foram notificadas, com apenas uma confirmada em São Paulo, segundo o boletim do Ministério da Saúde.

Diante do aumento dos casos, em 1º de outubro de 2025, o Ministério da Saúde recomendou a notificação imediata de todas as suspeitas de intoxicação por metanol para fortalecer a vigilância epidemiológica e reduzir riscos.

No mesmo dia, foi criada uma sala de situação para monitoramento dos casos, com atuação contínua enquanto houver risco sanitário.

No sábado, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a compra de 2.500 unidades de fomepizol, antídoto contra metanol, via Organização Panamericana de Saúde com fornecedor do Japão. Também foram adquiridas 12.000 ampolas de etanol farmacêutico nacionais, que se somam a 4.300 já em estoque dos centros de saúde.

Os casos registrados concentram-se principalmente na Zona Sul de São Paulo e em São Bernardo do Campo, onde vítimas consumiram gin, vodca e whisky adulterados em bares, festas e residências.

As autoridades seguem investigando a origem e abrangência da contaminação das bebidas.

O metanol (álcool metílico) é um líquido incolor e volátil, com cheiro semelhante ao álcool comum, altamente tóxico e inflamável. Antigamente chamado de “álcool da madeira”, sua produção hoje é industrial, geralmente a partir do gás natural.

É utilizado na fabricação de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes, tintas, anticongelantes, limpa-vidros, removedores de tinta e biodiesel.

A ingestão entre 4 ml e 10 ml pode causar danos irreversíveis como cegueira, e em 30 ml há risco letal, conforme alerta do Conselho Federal de Química (CFQ).

O perigo maior está nos efeitos tardios, pois o metanol é metabolizado em formaldeído e ácido fórmico, que provoca acidose metabólica, um grave desequilíbrio do pH do sangue.

Sintomas incluem náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.

O diagnóstico deve ser baseado na história clínica e exames laboratoriais e de imagem, segundo a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia.

Não se deve induzir vômito em casos suspeitos; o paciente precisa de atendimento hospitalar urgente para diagnóstico e tratamento precoce, que reduzem risco de morte e sequelas graves.

O tratamento inclui fomepizol ou etanol intravenosos, que inibem o metabolismo do metanol, além de lavagem gástrica e hemodiálise.

O CFQ destaca que o risco ocorre principalmente quando o metanol é usado para adulterar bebidas alcoólicas de forma criminosa.

Recomenda-se fiscalização rigorosa e análises periódicas para prevenir intoxicações, com profissionais químicos capacitados para identificar contaminantes, assegurar qualidade e alertar a população sobre os perigos do consumo de bebidas adulteradas.

Créditos: Poder360

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