Saúde
17:15

PF investiga uso de metanol abandonado em bebidas falsificadas, diz ministro

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, informou nesta terça-feira (7) que a Polícia Federal investiga a possibilidade de que o metanol abandonado após uma ação policial destinada a combater a infiltração do crime organizado em postos de combustíveis e no setor financeiro tenha sido usado para adulterar bebidas alcoólicas.

“Recentemente houve uma grande operação contra a infiltração do crime organizado na área de combustíveis, com muitos caminhões e tanques de metanol abandonados após essa ação. Essa hipótese está sendo investigada pela Polícia Federal”, declarou Lewandowski à imprensa.

O ministro não especificou se há suspeita do envolvimento de facções como o PCC, destacando que a PF não descarta nenhuma possibilidade, pois as investigações ainda estão no início. Ele explicou que, caso o metanol que adulterou as bebidas tenha origem no material apreendido na operação, a repressão terá foco nessa linha; se o metanol vier de produtos agrícolas, a atuação será dirigida a outros alvos.

Anteriormente, na segunda-feira (6), o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que a polícia estadual descartou relação entre as intoxicações por metanol e o crime organizado. Segundo Derrite, a principal linha de investigação para os casos de intoxicação é o uso de etanol de baixa qualidade para produzir bebidas clandestinas.

Lewandowski ressaltou, contudo, que a participação de organizações criminosas segue sendo considerada. “Quando falamos em crime organizado, não nos referimos necessariamente às facções conhecidas cujas siglas prefiro não mencionar. Pode haver organizações criminosas especializadas em distribuir metanol para adulterar bebidas, o que igualmente configura crime organizado”, afirmou.

O Ministério da Justiça já notificou 15 estabelecimentos para que informem a origem das bebidas comercializadas e planeja acionar mais 15 locais para o mesmo fim.

O ministro concedeu entrevista após reunião com representantes do setor de bebidas e anunciou a criação de um comitê informal para enfrentar a crise. “Alguns acreditam que comissões são criadas para apenas adiar soluções, mas este grupo terá outra finalidade”, disse, explicando que o objetivo é centralizar num site as ações do governo e da iniciativa privada contra o problema.

Participaram do encontro entidades como Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas), CNI (Confederação Nacional da Indústria), FNCP (Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade) e ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação).

Na segunda-feira (7), o Ministério da Saúde confirmou 17 casos de intoxicação por metanol e investiga outros 200, incluindo duas mortes confirmadas e 12 em apuração no estado de São Paulo.

Autoridades de saúde orientam a evitar a ingestão de bebidas destiladas de procedência desconhecida. Sintomas de intoxicação incluem dores abdominais intensas, tontura e confusão mental, e é fundamental procurar atendimento médico imediato, assim como realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.

O tratamento eficaz depende do atendimento rápido, idealmente nas primeiras seis horas após os sintomas. O SUS dispõe de estoques adequados de etanol farmacêutico, usado no tratamento, e prevê importação de 2.600 frascos de fomepizol, outro antídoto contra intoxicação por metanol, que serão distribuídos aos centros especializados.

Créditos: Folha de S.Paulo

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