Inflação de setembro sobe para 0,48%, maior alta para o mês em 4 anos
A inflação oficial subiu para 0,48% em setembro, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa é a maior variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o mês desde 2021.
O aumento foi influenciado principalmente pelo encarecimento das contas de luz, que cresceram devido ao fim do “Bônus de Itaipu” e à manutenção da bandeira tarifária mais cara.
Em setembro de 2025, a inflação foi a maior para o mês em quatro anos, embora ligeiramente abaixo da expectativa do mercado financeiro, que era de 0,55%. Houve uma reversão da deflação de 0,11% registrada em agosto. No mesmo mês de 2024, o IPCA foi de 0,44%.
O IPCA acumulado em 12 meses desacelerou novamente, caindo de 5,18% para 5,17%, mantendo-se como a maior taxa desde junho, quando foi 5,35%. Em igual período do ano anterior, a inflação acumulada era de 4,42%.
O indicador permanece acima do teto da meta de inflação para o ano, com a taxa ultrapassando a margem de tolerância definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) pelo 12º mês consecutivo. A meta do CMN é 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%.
A expectativa do Banco Central e analistas financeiros é que o índice volte ao intervalo da meta no início de 2026. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, projeta em carta ao ministro da Fazenda uma queda do IPCA acumulado para 4,2% em março de 2026.
As tarifas de energia elétrica tiveram alta de 10,3% em setembro, recuperando parte da queda de 4,21% do mês anterior. Esse reajuste foi o principal fator para o aumento da inflação no período.
A manutenção da bandeira tarifária vermelha Patamar 2 nas tarifas residenciais também contribuiu para o aumento, elevando o valor dos boletos em R$ 7,87 para cada 100 kWh consumidos, conforme determinação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Além disso, o “Bônus de Itaipu”, que proporcionou alívio momentâneo em agosto, deixou de ser descontado das tarifas neste mês. Em agosto, o desconto médio foi de R$ 11,59 para clientes residenciais ou rurais com consumo inferior a 350 kWh em pelo menos um mês de 2024.
Os preços de alimentos e bebidas recuaram pelo quarto mês consecutivo, caindo 0,26% em setembro, principalmente devido à redução de 0,41% nos alimentos para consumo doméstico, influenciada por quedas nos preços de tomate, cebola, alho, batata-inglesa e arroz.
Entre as altas nesse grupo, destacaram-se o aumento nos preços das frutas (2,4%) e do óleo de soja (3,57%).
A alimentação fora de casa também apresentou desaceleração, com variação de 0,11% em setembro, contra alta de 0,5% em agosto. Os preços dos lanches subiram 0,53%, enquanto as refeições ficaram 0,18% mais baratas.
O IPCA é calculado com base em 377 produtos e serviços, escolhidos conforme o consumo de famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos, atribuindo pesos específicos aos itens analisados.
A pesquisa de preços abrange nove grandes grupos e é realizada mensalmente em vários grandes centros urbanos do Brasil, como Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Distrito Federal, além de municípios como Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
Créditos: UOL Economia