Economia
17:07

Censo 2022 aponta Nova Lima (MG) com maior renda per capita do Brasil

Os dados do Censo 2022 do IBGE mostram que Nova Lima, em Minas Gerais, é a cidade com maior renda per capita do país, superando São Paulo e o Distrito Federal. A cidade, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte e conhecida pelo setor de mineração, apresenta renda média mensal por trabalhador de R$ 6.929, considerando ganhos formais e informais. O rendimento domiciliar per capita em Nova Lima é de R$ 4.300 mensais, valor que inclui pessoas que não trabalham, mas recebem benefícios.

Por outro lado, Uiramutã, em Roraima, ocupa a última posição do ranking, com rendimento domiciliar per capita de apenas R$ 288,65 mensais. Este município está localizado na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana e é a cidade com a maior população indígena do país.

A retomada econômica pós-pandemia de Covid-19 impulsionou o mercado de trabalho, alcançando seu melhor momento histórico, e as políticas de transferência de renda ajudaram a reduzir a pobreza. Contudo, essas melhorias são perceptíveis apenas nos dados nacionais, estaduais ou das capitais. Dados municipais do Censo evidenciam desigualdades estruturais persistentes entre as regiões brasileiras.

O rendimento domiciliar per capita de Nova Lima é 15 vezes maior do que o de Uiramutã. Em 520 municípios (9,3% dos 5.571 avaliados), o rendimento médio do trabalho é inferior a um salário mínimo (R$1.212, valores de 2022). Apenas 19 municípios registraram renda média por trabalhador acima de quatro salários mínimos (R$4.848).

Quanto à dinâmica populacional, o crescimento médio anual desde o último Censo foi o menor registrado historicamente, 0,52%, influenciado por fatores como a pandemia e a epidemia de Zika.

O Censo também revela que São Paulo continua sendo a maior cidade do país, com 11,45 milhões de habitantes, enquanto Serra da Saudade, em Minas Gerais, é a menor, com 833 moradores. Senador Canedo, em Goiás, teve o maior crescimento populacional desde 2010, com aumento de 84,3%.

Em relação ao peso da renda do trabalho no rendimento familiar, na média nacional, 75,5% da renda domiciliar advém do trabalho, com o restante vindo de aposentadorias, pensões, programas sociais, entre outros. Entretanto, em 77% dos municípios, essa participação está abaixo da média nacional.

Em Uiramutã, 51,9% dos ganhos domiciliares vêm do trabalho, e a cidade já foi destacada negativamente em outras pesquisas socioeconômicas devido ao seu alto percentual de população indígena e baixa participação do trabalho no rendimento familiar.

Municipios com menor participação da renda do trabalho estão principalmente no Nordeste, sendo seis deles no Piauí. Em contraste, o mercado de trabalho é mais ativo nas cidades associadas ao agronegócio no Centro-Oeste, especialmente em Mato Grosso, onde oito das dez cidades com maior participação da renda do trabalho estão localizadas.

Nova Lima apresenta 84,5% dos ganhos domiciliares advindos do trabalho, sendo conhecida pela mineração e por abrigar unidades da Vale. A cidade é também residência para muitos que trabalham na capital mineira.

Pesquisadores do IBGE destacam que as cidades com maior renda per capita são, em geral, de porte médio em regiões metropolitanas, abrigando populações com maior renda. Economistas ressaltam que as desigualdades regionais da economia se refletem no mercado de trabalho, que apenas espelha essas disparidades, e que as melhorias recentes no mercado não indicam redução significativa das desigualdades.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) mostram taxas de desemprego históricas baixas no país, com grandes variações regionais, como 2,2% em Santa Catarina e 10,4% em Pernambuco.

Especialistas apontam que os dados do Censo 2022 refletem um momento de estagnação na redução das desigualdades de renda no Brasil. Após avanços entre 2000 e meados dos anos 2010, as desigualdades e a pobreza voltaram a crescer na última década, influenciadas por recessões e a pandemia.

Previsões indicam que a pobreza deve diminuir em 2023, enquanto a desigualdade só deve começar a cair em 2024 e 2025. Apesar do aumento recente das rendas no Nordeste, ainda é cedo para avaliar o impacto dessa dinâmica sobre as desigualdades regionais.

Créditos: O Globo

Modo Noturno