Economia
14:02

Novo modelo de crédito imobiliário propõe mudança estrutural, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta sexta-feira que o novo modelo de crédito imobiliário representa uma mudança estrutural e não uma solução paliativa. Segundo ele, essa alteração foi um dos pedidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante as discussões para reformar o sistema atual.

Em seu discurso no lançamento do modelo, Galípolo destacou que o crédito imobiliário é um dos principais indicadores da saúde econômica. Ele ressaltou avanços após o programa Minha Casa, Minha Vida, mas apontou que atualmente o sistema habitacional brasileiro depende majoritariamente de recursos da poupança, cuja participação tende a diminuir.

O presidente do BC citou também a baixa harmonia entre as fontes de recursos com liquidez diária, propondo o novo modelo como um passo inicial para a transição.

Conversas recentes entre o BC e entidades do mercado têm se intensificado, devido à queda na participação da poupança no financiamento imobiliário, que caiu de 39% em 2022 para 32% em 2024.

Uma das principais mudanças será a flexibilização do uso dos recursos da poupança. Atualmente, 65% dos fundos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) são destinados ao crédito imobiliário, 20% ficam retidos no BC como recolhimento compulsório e 15% ficam livres para uso pelos bancos.

A transição para o novo modelo começará ainda este ano e terá vigência completa a partir de janeiro de 2027. Após essa data, o direcionamento obrigatório de 65% dos depósitos da poupança para crédito imobiliário e as exigências de recolhimento compulsório serão eliminados.

O total dos recursos depositados na poupança passará a servir de referência para a quantia que os bancos devem alocar ao crédito habitacional, incluindo modalidades do SFH e do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).

Quando o modelo estiver plenamente implementado, um banco que captar R$ 1 milhão pode usar esse valor inteiro para financiamento imobiliário, e simultaneamente empregar os mesmos recursos captados via poupança, que possuem custo menor, para outras aplicações por um tempo predeterminado.

Contudo, para que essa flexibilidade exista, 80% dos financiamentos habitacionais deverão obedecer às regras do SFH, que limita juros a 12% ao ano.

Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, elogiou o novo modelo e ressaltou que beneficiará principalmente a classe média, alavancando a oferta de crédito e possibilitando que muitas famílias realizem o sonho da casa própria. Ele destacou a importância do setor, que gera 2,8 milhões de empregos por ano e contribui significativamente para o PIB do Brasil.

O programa Minha Casa, Minha Vida, segundo França, está consolidado, e ele vê grande potencial de crescimento para o crédito imobiliário no país.

Créditos: Valor

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