Vieira e Rubio discutem tarifas, sanções e terras raras em reunião nos EUA

Nesta quinta-feira, 16, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu na Casa Branca a convite do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, conhecido por sua postura rígida contra líderes de esquerda na América Latina.

O encontro busca testar a relação entre Brasil e Estados Unidos, tema destacado pelo presidente norte-americano Donald Trump, que elogiou as conversas que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Assembleia Geral da ONU e posteriormente por telefone.

Diversos temas complexos estão na pauta entre Vieira e Rubio, especialmente após meses de tensão entre os dois países. Entre eles, destaca-se a sobretaxa de 40% imposta por Trump sobre produtos brasileiros, elevando a tarifa total para 50%, uma retaliação às investidas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além disso, há sanções contra autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aplicadas por meio da Lei Magnitsky, a questão do acesso a terras raras que contêm metais estratégicos, e as disputas envolvendo grandes empresas de tecnologia, em meio à discussão de projetos para regular as redes sociais no Brasil, medida que o governo Trump se posiciona contra.

Vieira tentará avançar nas negociações para eliminar a sobretaxa americana, um ponto também abordado por Lula em sua ligação com Trump. Washington demonstra interesse nos minerais estratégicos brasileiros, já que o país é um dos poucos capazes de fornecer lítio, nióbio e terras raras em grande escala, matérias-primas essenciais para a transição energética global e para reduzir a dependência chinesa, que domina cerca de 70% da produção mundial desses minerais.

Outro tema importante que Vieira deve abordar é o fim das sanções impostas contra autoridades brasileiras. Em julho, Trump sancionou Moraes via Lei Magnitsky, que visa punir estrangeiros acusados de graves violações de direitos humanos ou corrupção em larga escala. Rubio também enviou uma mensagem dirigida a juízes brasileiros, reforçando a severidade das sanções.

Desde então, os EUA cancelaram vistos de vários membros do STF, exceto para alguns indicados por Bolsonaro e para Luiz Fux, que votou contra a condenação do ex-presidente. A Casa Branca também aponta Moraes por suposta “censura” a conteúdos nas plataformas Rumble e Trump Media, que acusam o ministro de violar a Primeira Emenda da Constituição dos EUA ao ordenar a remoção de contas de influenciadores brasileiros de direita, no contexto do inquérito das fake news do STF.

Rubio deverá buscar negociações para obter regras mais favoráveis às big techs americanas, um tema delicado. O Brasil vinha preparando um projeto para limitar a moderação de conteúdos nas plataformas digitais, mas nos EUA tais regras geram resistência das empresas de tecnologia.

Créditos: Veja Abril