Venezuela pede que ONU investigue ataques dos EUA no Caribe

O governo da Venezuela solicitou na quinta-feira (16) ao Conselho de Segurança da ONU uma investigação sobre os recentes ataques dos Estados Unidos a embarcações no Mar do Caribe, buscando que seja determinada a ilegalidade dessas ações e ressaltando que tais atos representam uma ameaça à paz na América Latina e no Caribe.

A solicitação consta em uma carta enviada pelo representante permanente da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, ao secretário-geral da organização, António Guterres, e ao atual presidente do Conselho de Segurança, o representante russo Vasily Nebenzya.

Em coletiva de imprensa na quinta-feira, Moncada revelou que o pedido do governo venezuelano ao conselho inclui três pontos, após o quinto ataque realizado pelos EUA a embarcações no Caribe na terça-feira (14), sob a justificativa de combater o narcotráfico.

Ao menos 27 pessoas morreram nos ataques. Os Estados Unidos acusaram, sem apresentar provas, que as embarcações eram usadas por traficantes de drogas. Já Venezuela e Colômbia afirmaram que algumas eram de pescadores de seus países, sem qualquer envolvimento com atividades criminosas.

Na quinta-feira, os EUA realizaram um novo ataque militar na região, segundo autoridades ouvidas pela CNN.

Moncada detalhou que o primeiro ponto do pedido é que o Conselho de Segurança investigue a série de assassinatos perpetrados pelo governo dos EUA na região e reconheça sua natureza ilegal.

O segundo ponto é a confirmação da ameaça que essas ações ilícitas representam para a paz na América Latina e no Caribe, incluindo execuções extrajudiciais, aumento das forças militares, retórica belicosa contra a Venezuela e operações clandestinas da CIA.

Esse último ponto se refere ao anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, na quarta-feira (15), autorizando a CIA a operar na Venezuela para interromper o fluxo de drogas e imigrantes sem documentos para os Estados Unidos.

Por fim, o terceiro ponto da Venezuela pede que o Conselho de Segurança emita uma declaração reafirmando o respeito irrestrito à soberania, independência e integridade territorial da Venezuela, como base para a preservação da paz.

A CNN procurou comentários do gabinete do secretário-geral da ONU, do presidente do Conselho de Segurança e do Departamento de Estado dos EUA, aguardando retorno.

O pedido da Venezuela ocorre em meio às tensões crescentes com os Estados Unidos desde setembro, quando o governo Trump enviou navios de guerra e aeronaves ao Caribe para combater o narcotráfico.

Essa mobilização foi seguida por ataques a embarcações e pelo anúncio de que a ofensiva contra narcotraficantes será ampliada em terra, com autorização para a CIA atuar na Venezuela.

No país, o regime de Nicolás Maduro minimizou as ações dos EUA, classificando-as como ameaça à soberania venezuelana.

Em evento público na quarta-feira, Maduro declarou que os Estados Unidos desejam agir contra ele, afirmando: “Não à mudança de regime… não aos golpes da CIA… A América Latina não os quer, não precisa deles e os repudia.”

Créditos: CNN Brasil