Economia
21:08

Ibama autoriza Petrobras a perfurar poço exploratório na Foz do Amazonas

O Ibama concedeu autorização à Petrobras para perfurar um poço em águas profundas na região da Foz do Amazonas, mas essa notícia não impulsionou os mercados na segunda-feira (20).

A área é considerada uma nova fronteira para a exploração de petróleo e gás no Brasil, com potencial estimado pelo Ministério de Minas e Energia de até 10 bilhões de barris, podendo se tornar um novo “pré-sal”.

Na bolsa brasileira, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) caíram 0,54%, enquanto as preferenciais (PETR4) tiveram leve alta de 0,13%.

Especialistas consultados afirmam que, apesar da medida ser um avanço estratégico com foco de longo prazo, o mercado reagiu de forma contida, pois a decisão já era aguardada. Além disso, fatores externos seguem pressionando as ações da empresa.

Um desses fatores é a queda no preço internacional do barril de petróleo, atingindo seu menor patamar em meses devido ao excesso de oferta e à diminuição das tensões em conflitos como Rússia-Ucrânia e Israel-Hamas. Na segunda-feira (20), o barril Brent foi cotado a US$ 60,90.

O economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, explica que a expectativa de preços mais baixos para o petróleo em 2026 contribuiu para a pouca reação do mercado, especialmente por ser um ano eleitoral, em que se acredita que o governo poderá usar a Petrobras politicamente para investimentos em fertilizantes, estaleiros ou distribuidoras de GLP.

Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, ressalta que a aprovação da perfuração já era esperada, o que moderou o ânimo dos investidores. Ele também comentou que a área de exploração pode ter características semelhantes às encontradas na Guiana e possivelmente no Suriname, onde há um grande crescimento petrolífero, o que é positivo para a Petrobras.

Ainda não é possível afirmar com exatidão os ganhos em royalties decorrentes desta nova exploração. A perfuração começará de forma imediata e a expectativa é de que dure cerca de cinco meses, com os resultados concretos apenas após esse período.

O governo estima que o novo “pré-sal” da Foz do Amazonas poderia produzir cerca de 1,1 milhão de barris diários, superando os campos Tupi e Búzios na Bacia de Santos. Atualmente, o Brasil tem reservas comprovadas de 16,8 bilhões de barris, suficiente para não precisar importar petróleo até 2030.

O CEO da Gravus Capital, Ricardo Trevisan Gallo, vê com otimismo a perfuração exploratória e o potencial da Margem Equatorial para diversificar o portfólio da Petrobras e fortalecer a economia brasileira. Porém, alerta que impactos significativos nas receitas e produção da empresa devem ocorrer apenas a partir de 2030.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o desenvolvimento da Margem Equatorial pode atrair US$ 56 bilhões em investimentos, gerar cerca de 350 mil empregos e arrecadar US$ 200 bilhões em tributos ao longo do ciclo produtivo.

Ambientalistas criticaram a autorização para exploração na região.

A licença de operação para a perfuração foi concedida após o Ibama verificar aperfeiçoamentos no projeto da Petrobras, que comprovou a robustez da estrutura ambiental de proteção durante a operação.

A Petrobras afirma que novas fronteiras de exploração são importantes para a segurança energética do país e para a transição energética justa.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comemorou a decisão, qualificando a exploração da Margem Equatorial como o futuro da soberania energética brasileira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a exploração será feita com responsabilidade e que o Brasil não está preparado para abandonar os combustíveis fósseis, assim como nenhum outro país.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, destacou que a licença demonstra a possibilidade de conciliar crescimento econômico e preservação ambiental, beneficiando as populações locais e fortalecendo a soberania energética.

Ambientalistas e entidades apontam que a licença representa um retrocesso nas políticas ambientais próximo à COP30.

O bloco FZA-M-059 fica a cerca de 500 km da foz do Rio Amazonas e 175 km da costa, em mar aberto. A perfuração terá início imediato e deverá durar cinco meses.

Neste momento, trata-se apenas de uma etapa de pesquisa exploratória sem produção de petróleo. Essa fase representa uma derrota para os opositores da exploração na região.

O processo de licenciamento ambiental do bloco 59 começou em abril de 2014, após a concessão do bloco em 2013.

Em agosto, a Petrobras realizou um simulado de emergência, sob supervisão do Ibama, para demonstrar capacidade de resposta e segurança.

Antes que a Petrobras possa produzir na Foz do Amazonas, ainda devem ser cumpridas algumas etapas específicas.

Créditos: g1

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