Internacional
15:08

Indonésia vai ensinar português após visita de Lula a Jacarta

No dia da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder da Indonésia, Prabowo Subianto, anunciou que o português será incluído no ensino das escolas indonésias.

Lula foi recebido em 23 de maio no Palácio Merdeka, em Jacarta, local onde confirmou sua candidatura para um quarto mandato nas eleições de 2026.

De acordo com o site indonésio Kompas.com, Prabowo explicou que a decisão reflete a importância que o Brasil representa para a Indonésia.

“Dada a relevância dessa parceria, decidi que o português será uma língua prioritária em nossa educação, pois queremos fortalecer esse relacionamento”, afirmou o presidente indonésio durante a declaração conjunta com Lula.

Ele também ressaltou que o país já oferece aulas de inglês, árabe, chinês e russo, e que o português passará a compor esse grupo. Lula reagiu ao anúncio com aplausos e agradecimentos.

Prabowo determinou que os ministérios da Educação e do Ensino Superior iniciem a implementação desse plano, que integra um pacote de aproximação entre as duas nações.

Na visita, Brasil e Indonésia assinaram oito acordos de cooperação envolvendo energia, mineração, estatísticas, inovação científica e agricultura. Esses documentos foram assinados por ministros e dirigentes de agências estatais, simbolizando o começo de uma parceria estratégica de longo prazo.

Ambos os presidentes reforçaram o compromisso com o multilateralismo e a ampliação dos laços entre países do Sul Global.

Lula destacou a importância de uma diplomacia fundamentada no diálogo e respeito entre as nações, enquanto Prabowo apontou o Brasil como um parceiro essencial para o BRICS e para futuras colaborações nas áreas ambiental e educacional.

A introdução do português nas escolas indonésias, ainda sem data prevista para início, é considerada um gesto político e cultural inédito. O português é a primeira língua de origem latina a integrar o currículo nacional do país, indicando o interesse da Indonésia em se aproximar não só do Brasil como da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Durante a viagem à Indonésia, Lula reafirmou seu apoio ao multilateralismo e criticou o protecionismo nas relações comerciais, tema relevante diante da expectativa de um possível encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos próximos dias.

Lula afirmou que Brasil e Indonésia desejam fortalecer o comércio bilateral sem dependência exclusiva do dólar. “Queremos democracia comercial, não protecionismo. Precisamos criar condições para negociar com as nossas próprias moedas”, declarou.

A proposta de uso de moedas locais nas transações internacionais pode causar tensões com Washington. Conforme a imprensa brasileira, Trump deve pressionar Lula a desistir da ampliação do uso de moedas próprias nas trocas entre países do BRICS.

A visita à Indonésia inicia a agenda asiática de Lula, focada na ampliação das exportações brasileiras de proteína animal, cooperação ambiental e fortalecimento dos laços com países do Sudeste Asiático. O presidente brasileiro segue para a Malásia onde participará da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e deve se reunir com Trump no domingo (26).

Esse encontro será o primeiro formal após a imposição de tarifas de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros, representando uma tentativa de melhora nas relações bilaterais.

O governo brasileiro considera essa viagem parte de uma estratégia maior para diversificação comercial, respondendo ao retorno de Trump à Casa Branca e ao clima tenso nas relações com os EUA.

A cientista política Fernanda Nanci Gonçalves, da UERJ, avaliou que há sinais de reaproximação entre Brasil e Estados Unidos.

“Existe espaço para um diálogo pragmático, mesmo com divergências ideológicas. Porém, é necessário cautela, pois a reversão das tarifas e o avanço de uma agenda positiva dependem de ações concretas em comércio, energia e segurança das cadeias produtivas. Mas o clima político melhorou”, afirmou ela à BBC News Brasil.

Uma fonte próxima à Presidência da República descreveu à BBC a viagem de Lula ao Sudeste Asiático como parte de uma estratégia maior em resposta à eleição de Trump, destacando que o Brasil busca reforçar novas rotas comerciais para reduzir a dependência do mercado norte-americano.

Créditos: BBC News Brasil

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