Lula e Trump discutem tarifas e temas sensíveis em encontro na Malásia
Após oito meses de tensões na pior crise diplomática entre Brasil e EUA em 200 anos, os presidentes Lula e Donald Trump se reúnem na Malásia, durante a 47ª cúpula da ASEAN, para dialogar sobre questões delicadas nas relações bilaterais.
O encontro, ainda não oficializado na agenda, ocorre num cenário global de instabilidade política e econômica, com destaque para o tarifaço dos EUA sobre exportações brasileiras. Trump indicou pela primeira vez que pode rever essas tarifas “sob as circunstâncias certas”.
Lula demonstra otimismo, revelando disposição para negociar soluções que ultrapassem a pauta econômica, incluindo temas regionais como a América do Sul e a crise na Venezuela. O presidente brasileiro se coloca como mediador, buscando promover a paz e o diálogo na região.
O governo brasileiro encara o evento como teste para medir a disposição americana em recuar nas sanções econômicas e diplomáticas impostas desde julho, que Brasília considera mais políticas do que comerciais.
Na breve conversa telefônica recente entre os dois, Trump não mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado seu e atualmente condenado por tentativa de golpe, sinalizando foco nos aspectos comerciais do diálogo.
Além das tarifas, Lula pretende convidar Trump para a COP30, tratar da pressão dos EUA sobre governos sul-americanos e discutir a redução do uso do dólar nas transações entre países do BRICS, tema que Trump já criticou.
Analistas apontam que o contexto global complicado tende a exigir cautela e que o Brasil busca equilíbrio entre defender a soberania regional e manter uma relação pragmática com Washington.
O encontro também testa a possível disposição de Trump para evitar tensões com o Brasil enquanto enfrenta desafios bilaterais com a China, incluindo reunião que terá com Xi Jinping durante a mesma viagem.
Especialistas avaliam que o diálogo será estratégico para ambos os presidentes, que precisam apresentar resultados plausíveis a seus eleitores.
Lula deve ressaltar a questão do desequilíbrio comercial desfavorável ao Brasil, contrapondo as narrativas americanas e reafirmando que o uso de moedas locais é uma prática comum para reduzir custos, distinta de uma afronta ao dólar.
Este encontro simboliza um momento importante na busca de soluções para tensões comerciais e políticas em um cenário internacional marcado por conflitos e redefinição de alianças no Sul Global.
Créditos: O Globo