Eleições legislativas na Argentina decidem futuro econômico do país
As eleições legislativas na Argentina, programadas para este domingo (26), são fundamentais para determinar os rumos da economia do país.
Enfrentando a desvalorização do peso e a escassez de reservas em dólares, o governo busca fortalecer sua bancada no Congresso. Na semana passada, após anunciar uma linha de swap cambial de US$ 20 bilhões para a Argentina, o presidente dos EUA, Donald Trump, condicionou o apoio financeiro ao sucesso eleitoral do partido do presidente argentino neste pleito.
Investidores acompanham atentamente o resultado, preocupados que a gestão de Javier Milei, sem maioria no Congresso, não consiga avançar na agenda de cortes de gastos e reestruturação das contas públicas.
Neste domingo, metade das 254 cadeiras da Câmara dos Deputados (127) e um terço das 72 cadeiras do Senado (24) estarão em disputa.
Após o anúncio do swap cambial, Trump recebeu Milei na Casa Branca e reafirmou que o apoio financeiro dos EUA depende do desempenho eleitoral do partido do presidente argentino.
Apesar disso, dias depois, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sinalizou continuidade do apoio financeiro enquanto Milei mantiver “boas políticas”, independentemente do resultado eleitoral.
Bessent também informou que os EUA trabalham com bancos e fundos para criar uma linha de crédito de US$ 20 bilhões adicional para investir na dívida soberana argentina. Essa linha operará paralelamente ao swap cambial, totalizando até US$ 40 bilhões em ajuda dos EUA para a Argentina.
O Banco Central argentino confirmou na segunda-feira (20) os US$ 20 bilhões iniciais, mas não divulgou quando ocorrerá a operação financeira.
Recentemente, Milei enfrentou crise política após denúncias de corrupção envolvendo sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência. Um áudio divulgado acusa Karina e o subsecretário Eduardo “Lule” Menem de cobrar propinas de indústrias farmacêuticas para compras públicas de medicamentos, o que está sendo investigado pela Justiça.
Em setembro, Milei sofreu derrota significativa nas eleições da província de Buenos Aires, a mais populosa do país, com quase 40% do eleitorado. O resultado negativo afetou a confiança dos mercados: após a eleição, títulos públicos, ações e o peso caíram, agravando a situação inflacionária e impactando a imagem do governo.
A principal preocupação dos investidores é que, sem força política no Congresso, Milei não consiga implementar seus planos de ajuste fiscal.
Na sexta-feira (24), o peso argentino registrou sua pior cotação desde o início da gestão Milei, fechando a 1.492,45 por dólar.
O partido La Libertad Avanza, de Milei, atual detentor de 37 deputados e seis senadores, enfrenta o movimento peronista, que é a principal força de oposição.
As eleições na província de Buenos Aires serão decisivas, com muitas cadeiras em disputa.
Especialistas indicam que se o partido de Milei superar 35% dos votos, isso pode ser interpretado como crescimento do apoio, já que ele obteve 30% no primeiro turno presidencial de 2023. Aproximar-se de 40% seria considerado um resultado muito positivo.
Para evitar que seus projetos e veto sejam derrubados no Congresso, Milei precisará conquistar cerca de um terço dos votos nas duas casas, o que possivelmente exigirá formar alianças, como a que vem sendo construída com o PRO, partido de centro liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri.
As eleições legislativas deste domingo, portanto, serão decisivas para a estabilidade e as políticas econômicas da Argentina neste cenário de crise e incertezas.
Créditos: g1