Economia
12:11

Mercado argentino reage com forte alta após vitória legislativa de Milei

Os mercados argentinos demonstram grande otimismo após as eleições legislativas de meio de mandato. Em Nova York, o ETF Global X MSCI Argentina, que foca em ações do país, registrava alta de cerca de 17%, com determinados papéis chegando a subir até 35%.

No mercado de criptomoedas, o peso argentino já apresentava valorização no domingo, dia do anúncio dos resultados. O dólar paralelo, conhecido também como dólar blue e negociado fora do sistema bancário, que havia fechado na sexta-feira em 1.525 pesos, indicava queda para a semana.

Na manhã de segunda-feira, o peso argentino subiu 10% no início das negociações, em reação à vitória inesperada do governo nacional. A moeda se valorizou para cerca de 1.355 pesos por dólar, contra 1.400 na abertura, refletindo o alívio no mercado diante do recuo do risco-país.

O partido do presidente argentino Javier Milei triunfou nas eleições legislativas de meio de mandato, recebendo dos eleitores o mandato para avançar nas reformas radicais da economia, apesar do descontentamento com suas políticas de austeridade severa.

Essa vitória representou um alívio para Milei, cujos índices de popularidade haviam caído nas semanas anteriores, e agradou também ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cujo governo enfrentou críticas após conceder um amplo apoio financeiro à Argentina.

Trump comentou em rede social: “Parabéns ao presidente Javier Milei por sua vitória esmagadora na Argentina. Ele está fazendo um trabalho maravilhoso! Nossa confiança nele foi justificada pelo povo argentino”.

O Bradesco BBI destaca que a nova configuração política e o suporte financeiro externo criam cenário propício para ativos argentinos, prevendo queda contínua do risco-país e valorização das ações com governança negociada.

O banco mantém recomendação positiva (overweight) na Argentina, destacando empresas como Vista Energy, Pampa Energía, TGS, BYMA e Banco Macro, com este último sendo o principal beneficiado pela expectativa de crescimento do país.

O Itaú BBA elevou sua recomendação para o setor bancário para desempenho acima da média (outperform), esperando que o ambiente de crescimento para bancos argentinos seja retomado após as eleições.

Os analistas assinalam que os resultados aumentam a perspectiva de continuidade das políticas fiscais que ajudam no controle da inflação e das taxas de juros, beneficiando o crédito bancário.

As projeções indicam crescimento acelerado da carteira de empréstimos e lucro significativo para os bancos argentinos em 2026, com margens líquidas e retorno sobre patrimônio (ROE) em elevação.

No pregão pré-mercado de Nova York, as ações argentinas reagiram fortemente: YPF subiu 26%, Banco Galicia, BBVA e Banco Macro saltaram 35%, enquanto Pampa Energía, Central Puerto e Edenor avançaram mais de 20%, e Mercado Livre teve alta de 7%.

O Morgan Stanley reforçou a recomendação outperform para os bancos, destacando fatores como expansão do crédito, baixa penetração bancária e renovado interesse dos investidores.

Os analistas também interpretaram a vitória como um reflexo do medo de instabilidade econômica caso as políticas austeras de Milei fossem descartadas, pois suas medidas reduziram drasticamente a inflação apesar dos cortes em subsídios.

Milei afirmou diante de apoiadores que os argentinos não querem retornar a modelos de fracasso econômico.

Gustavo Córdoba, diretor da empresa de pesquisas Zuban Córdoba, surpreendeu-se com a vitória e acredita que ela demonstra a preocupação da população em evitar novas crises econômicas.

Ele destacou que o governo aparentemente conquistou os 35% dos assentos necessários na Câmara para evitar o derrubamento de vetos presidenciais pelo Congresso, reforçando o poder de Milei sobre legislações relacionadas ao equilíbrio fiscal.

Marcelo Garcia, da consultoria Horizon Engage, afirmou que o resultado foi além das expectativas e fortalecerá o presidente na defesa de seus decretos e veto no Congresso.

No discurso de comemoração, Milei manifestou disposição para formar parcerias políticas, buscando acordos básicos com deputados e senadores de outros partidos.

O presidente afirmou que a Argentina está em um ponto de virada e prometeu consolidar o rumo reformista nos próximos dois anos.

Investidores internacionais ficaram impressionados com a redução da inflação mensal e o superávit fiscal alcançados pelo governo, assim como pelas medidas de desregulamentação adotadas.

Nos Estados Unidos, o secretário do Tesouro Scott Bessent parabenizou Milei e reafirmou o compromisso de continuar avançando para liberdade econômica e atração de investimentos.

O partido La Libertad Avanza, liderado por Milei, obteve 41,5% dos votos na província de Buenos Aires, tradicional reduto peronista, representando uma mudança política significativa.

A nível nacional, o partido conquistou 64 cadeiras na Câmara dos Deputados, contra 37 anteriormente.

Foram eleitos metade dos 127 deputados e um terço dos 24 senadores na votação de meio de mandato, com o bloco opositor peronista mantendo a maior minoria.

Especialistas observam que alcançar mais de 35% dos votos foi um resultado positivo para o governo de Milei.

Conforme o JPMorgan, o resultado fortalece a posição do presidente no Congresso, conferindo-lhe maior autoridade para uso do veto presidencial, apesar da necessidade de formar alianças para garantir maioria funcional.

No Senado, o LLA terá 20 cadeiras, enquanto seus aliados, incluindo o PRO, somam 7, restando garantir mais onze votos para a maioria, enquanto a representação peronista diminui.

O governo deverá negociar com governadores provinciais moderados para avançar em sua agenda legislativa, enfrentando desafios, mas aproveitando a oportunidade para mudanças transformadoras.

Milei adotou tom moderado, ressaltando a necessidade de consolidar reformas nos próximos dois anos e mencionando que a principal oposição vem de partidos governistas provinciais que são pragmáticos e pró-mercado.

O mandato renovado favorecerá a aprovação de reformas tributárias e trabalhistas, e a eventual aprovação do Orçamento de 2026 poderá resolver uma anomalia institucional de longa data.

Com o provável aumento do apoio dos EUA, o prêmio por risco político na Argentina deverá cair bastante, permitindo maior flexibilidade para o banco central em políticas monetárias.

A economia argentina mostra sinais de recuperação, e a inflação deve continuar caindo.

Apoio dos EUA pode ser crucial para estabilização e desbloqueio do potencial econômico argentino, especialmente se o país avançar em flexibilização cambial e controle de capitais.

Essas medidas podem liberar investimentos estrangeiros, reforçar reservas cambiais e acelerar a estabilização macroeconômica antes das eleições de 2027.

(Com Reuters)

Créditos: InfoMoney

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