Furacão Melissa atinge Jamaica com ventos de 298 km/h e alerta de desastre
O furacão Melissa, a tempestade mais poderosa de 2023, atingiu a Jamaica com ventos de 298 km/h, gerando temores de uma catástrofe na ilha. A Cruz Vermelha estima que até 1,5 milhão de pessoas possam ser afetadas, enquanto a Organização Meteorológica Mundial (OMM) classificou o cenário como possivelmente catastrófico. Alimentado por águas oceânicas aquecidas, o furacão já causou sete mortes no Caribe.
O fenômeno tocou o solo jamaicano na tarde desta terça-feira (por volta das 14h, horário de Brasília). O primeiro-ministro Andrew Holness destacou que nenhum país da região estava preparado para uma tempestade dessa escala, pedindo que moradores nas áreas de impacto direto evacuassem. Apesar da recomendação para que 50 mil pessoas saíssem de suas casas, apenas 1,7 mil buscaram abrigos públicos. Até o momento, sete mortes foram confirmadas em três países: três na Jamaica, três no Haiti e uma na República Dominicana.
O furacão foi intensificado pelo aumento da temperatura do oceano em 1,4º Celsius acima do normal, o que elevou em cerca de 16 km/h a velocidade máxima dos ventos. Isso elevou o potencial de destruição em aproximadamente 50%, segundo uma avaliação preliminar da Climate Central. Melissa manteve força de categoria 5 por mais de 24 horas, comportamento raro, e tornou-se o segundo furacão mais forte já registrado no Atlântico, atrás apenas do furacão Allen, de 1980.
Antes da chegada do furacão, a OMM alertou para uma situação catastrófica na Jamaica, e a Cruz Vermelha indicou o alto número de pessoas potencialmente impactadas. Em declarações, Anne-Claire Fontan, especialista da OMM, caracterizou a tormenta como “a tormenta do século” para a Jamaica.
As autoridades locais confirmaram que três mortes ocorreram durante os preparativos para a chegada da tempestade, todas relacionadas a quedas de árvores e eletrocussão. O primeiro-ministro Holness afirmou que a região não possui infraestrutura adequada para resistir a uma tempestade de categoria 5.
O Centro Nacional de Furacões dos EUA alertou que os moradores tinham uma “última chance” para buscar abrigo antes da chegada dos ventos, que se intensificam especialmente nas montanhas da ilha devido ao efeito orográfico, podendo tornar o fenômeno até 30% mais forte. O deslocamento lento do furacão, a menos de 4 km/h, prolonga a passagem e aumenta os prejuízos causados.
Espera-se que o tempo extremo permaneça sobre a Jamaica durante toda a terça-feira à noite, antes de seguir para Cuba. Na ilha comunista, seis províncias do leste foram colocadas em fase de alerta, com ordens de retirada para quase 900 mil pessoas. A Marinha dos EUA evacuou funcionários da base na Baía de Guantánamo, retirando navios de guerra da rota da tempestade.
A Força Aérea dos EUA registrou imagens do interior do furacão por meio de aeronave militar tradicionalmente usada para investigar tempestades, que mergulhou no olho do furacão para coletar dados meteorológicos. A pressão atmosférica medida caiu para 933 hectopascais, evidência da força máxima da tempestade na escala Saffir-Simpson.
Históricos indicam que Melissa pode ser o pior furacão a atingir a Jamaica, cuja pior tempestade registrada foi o furacão Gilbert, em 1988, de categoria 4. Outros furacões de categoria 4 causaram danos relevantes no país nas últimas décadas, principalmente Beryl em 2024, Dean em 2007 e Ivan em 2004.
Em 1951, o furacão Charlie foi considerado o pior desastre da Jamaica no século até então, provocando 152 mortes e deixando milhares desabrigados.
Apesar dos avisos, alguns moradores decidiram permanecer em casa durante a tempestade, citando experiência com condições ruins nos abrigos governamentais. O furacão Melissa também ameaça o sudeste das Bahamas e o arquipélago das Ilhas Turcas e Caicos, território britânico.
Créditos: O Globo