Chefes do Comando Vermelho usam aplicativo para ordenar torturas e segurança no Alemão e Penha
Os líderes da facção Comando Vermelho (CV) criaram grupos em aplicativos de mensagem para orientar seus integrantes sobre diversos assuntos, incluindo torturas a moradores dos complexos do Alemão e da Penha, além da coordenação da escala de seguranças que protegem pontos de venda de drogas e do próprio comandante Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso.
As investigações que motivaram a operação realizada em 28 de outubro, a mais letal já registrada no Rio de Janeiro, indicam que Juan Breno Ramos, o BMW, é responsável por aplicar as punições determinadas pela facção. Essas punições incluem agressões, torturas e assassinatos em resposta a comportamentos que desagradam aos criminosos.
Para controlar conflitos em bailes funk da comunidade, por exemplo, a facção inventou uma punição que consiste em colocar mulheres dentro de galões de gelo. Além disso, há registros de espancamentos e até ordens de execução.
Em uma das mensagens investigadas, um homem chamado Aldenir Martins do Monte Junior foi amarrado, algemado, amordaçado e arrastado por sete minutos pelas ruas da favela enquanto era forçado a denunciar uma quadrilha rival. Durante a tortura, o criminoso BMW realizou uma vídeo-chamada com outro integrante, Carlos Costa Neves, o Gadernal. Aldenir está desaparecido e a polícia acredita que ele esteja morto.
Doca, BMW e Gadernal foram denunciados pelo Ministério Público estadual pelos assassinatos de três médicos na Barra da Tijuca em 2023.
O grupo ainda usa o aplicativo para definir quais criminosos vão comandar a segurança nos pontos de venda e para organizar os homens armados que acompanham Doca em determinados dias. Em uma ocasião, Doca recebeu informação de que no dia seguinte teria seis traficantes em sua segurança.
Edgar Alves de Andrade, o Doca, possui 269 anotações criminais e 26 mandados de prisão em aberto. Ele é apontado como responsável pela expansão do Comando Vermelho em vários bairros do Rio de Janeiro. O traficante conseguiu fugir do cerco durante a operação e segue foragido.
Créditos: g1