Senado dos EUA aprova fim de tarifas sobre produtos brasileiros
O Senado dos Estados Unidos votou na terça-feira (28.out.2025) a favor da revogação do aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros, imposto pelo presidente Donald Trump, do Partido Republicano. A resolução para derrubar essas taxas foi aprovada por 52 votos a favor e 48 contra. Cinco senadores republicanos se juntaram aos democratas para revogar a declaração de emergência que justificava as tarifas, configurando uma derrota simbólica para a administração Trump.
Apesar da aprovação no Senado, a decisão não terá efeito prático imediato. Ao chegar à Câmara dos Representantes, a proposta deve ser rejeitada, já que há apoio mais forte à Casa Branca entre os deputados. Está decidido que até o final de dezembro de 2025 não será votada nenhuma medida que barre ações de Trump na área comercial. A questão ficará pendente para 2026, sem data prevista para votação. A liderança do Partido Republicano, que possui maioria na Câmara, impedirá que essa iniciativa do Senado avance.
Essa votação acontece após reunião entre Trump e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizada na Malásia durante a 47ª Cúpula da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático). Apesar do tom amistoso do encontro, as tarifas continuaram vigentes.
De acordo com reportagem do jornal The New York Times, essa foi a primeira de três votações relacionadas a tarifas promovidas pelos democratas na semana. As outras duas envolvem tarifas sobre o Canadá e uma taxa global aplicada a mais de cem países parceiros comerciais.
Os deputados republicanos que apoiaram a derrubada das tarifas foram Rand Paul (Kentucky), Susan Collins (Maine), Lisa Murkowski (Alasca), Mitch McConnell (Kentucky) e Thom Tillis (Carolina do Norte).
O senador Tim Kaine, do Partido Democrata pela Virgínia e principal apoiador das medidas, questionou a concessão excessiva do poder comercial ao presidente: “Vamos simplesmente permitir que o poder comercial entregue ao Congresso, ou o poder de guerra, o poder de apropriações, ou o poder de conselho e consentimento do Senado sejam assumidos por este presidente ou qualquer presidente?”
Rand Paul, senador republicano de Kentucky, opinou que emergências devem ocorrer apenas em situações como guerra, fome ou desastres naturais, e classificou o uso do poder de emergência neste caso como um abuso, além de criticar o Congresso por abdicar de seu papel tradicional na tributação.
Questionado sobre o motivo da relutância de outros republicanos em apoiar a medida, Paul respondeu que era por “medo”.
O ex-líder republicano Mitch McConnell afirmou que as tarifas encarecem tanto a produção quanto a compra nos EUA, e que os prejuízos das guerras comerciais são comuns na história. Ele pretende apoiar outras resoluções que limitem tarifas de Trump em futuras votações.
Alguns republicanos contrários, como Mike Rounds (Dakota do Sul), consideraram o esforço para limitar as tarifas como mais político do que substancial.
O senador John Hoeven (Dakota do Norte) justificou seu voto contra a revogação das tarifas afirmando que apoia a tentativa de Trump de equalizar as condições para os exportadores americanos, reconhecendo que o processo traz dificuldades iniciais, mas busca resultados comerciais melhores.
Já o senador Kevin Cramer (Dakota do Norte) indicou que, caso Trump consiga fechar um acordo comercial significativo com a China envolvendo a venda de soja, os impactos das tarifas podem ser amenizados para os exportadores afetados.
Créditos: Poder360