Zohran Mamdani, jovem muçulmano, é eleito prefeito de Nova York
Nova York, a maior cidade dos Estados Unidos, elegeu Zohran Mamdani, 34 anos, como seu novo prefeito, com 1.036.051 votos, correspondendo a 50,4% do total.
Mamdani será o primeiro prefeito muçulmano da cidade. Já considerado favorito nas etapas finais da campanha, ele se autodeclara socialista e foi eleito representante do Partido Democrata nas primárias. Além disso, Mamdani é um crítico declarado do presidente Donald Trump. Ele assumirá o cargo de 111º prefeito da cidade em 1º de janeiro de 2026.
Na disputa pela prefeitura, além do democrata Mamdani, concorreram o ex-governador Andrew Cuomo, que disputou como independente e recebeu 41,6% dos votos (854.995), e o republicano Curtis Sliwa, que obteve 7,1%, com 146.137 votos.
A votação foi realizada das 6h às 21h no horário local (9h às 0h em Brasília) e contou com a participação de 2.055.921 eleitores, sendo cerca de 735.300 votos antecipados, número quatro vezes maior que o registrado na eleição municipal de 2021. Naquela ocasião, a taxa de participação foi de apenas 23,3%, com 1,15 milhão de votantes. Mais de cinco milhões de residentes de Nova York estavam aptos a votar, com mais de 60% filiados ao Partido Democrata.
A eleição evidenciou uma disputa acirrada no campo progressista, entre Cuomo, de perfil mais centrista, e Mamdani, alinhado à ala mais à esquerda dos democratas. Ambos concorreram nas primárias do partido, que indicou Mamdani como seu candidato para a eleição principal.
Pesquisas recentes sinalizavam a vantagem de Mamdani, com diferença que variava entre 4,5 e 16 pontos percentuais frente a Cuomo. O republicano Curtis Sliwa decidiu manter sua candidatura, apesar de ter propostas semelhantes às de Cuomo em áreas como segurança pública e políticas econômicas.
O atual prefeito democrata Eric Adams decidiu apoiar Cuomo após um período de trocas de críticas, buscando conter a candidatura de Mamdani.
Em sua última manifestação pública antes da eleição, Donald Trump avisou que, em caso de vitória de Mamdani, poderia reduzir recursos federais destinados à cidade, deixando claro que o governo federal contribuiria apenas com o mínimo legal.
Zohran Mamdani exerce desde 2018 o terceiro mandato como deputado estadual pelo Queens. Tornou-se cidadão americano no mesmo ano em que foi eleito.
Reconhecido internacionalmente como um contraponto a Trump, ele recebeu o apoio de líderes como o ex-presidente Barack Obama e o senador Bernie Sanders. Mamdani pode influenciar a estratégia do Partido Democrata em futuras disputas contra o ex-presidente.
Nascido em 1991 em Kampala, Uganda, mudou-se aos sete anos para Nova York com seus pais de origem indiana. Sua mãe é a cineasta Mira Nair e seu pai, Mahmood Mamdani, é professor universitário de antropologia na Universidade Columbia.
Antes da carreira política, Mamdani atuava como conselheiro para evitar despejos em comunidades de baixa renda.
Suas propostas de governo incluem gratuidade no transporte público, congelamento dos preços dos aluguéis, creches gratuitas e a criação de uma rede municipal de supermercados para reduzir o custo dos alimentos.
Andrew Cuomo, de 67 anos, disputou como independente, contando com apoio de lideranças democratas, incluindo o atual prefeito Adams, que renunciou à reeleição devido a escândalos de corrupção.
Cuomo governou Nova York por dez anos e ganhou destaque nacional durante a pandemia de Covid-19. Sua trajetória política foi afetada por acusações de assédio sexual feitas por oito mulheres, embora os processos tenham sido arquivados.
Curtis Sliwa, de 71 anos, teve menos destaque na disputa. Natural do Brooklyn, foi candidato contra Adams em 2021 e obteve pouco mais de 20% dos votos naquela eleição. É apresentador de rádio e fundador das milícias Guardian Angels, grupo que combate a criminalidade em Nova York.
Sliwa se identifica como republicano populista e criticou algumas políticas migratórias de Trump. Sua campanha focou em segurança, custo de vida, auxílio a moradores de rua e proteção aos animais.
Em 1992, Sliwa escapou de uma tentativa de sequestro e assassinato e posteriormente admitiu ter mentido sobre algumas ações atribuídas aos Guardian Angels.
*Especial com informações da RFI, AFP e Reuters.
Créditos: UOL