Internacional
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Alemanha, EUA, Reino Unido e Espanha não aportarão fundos floresta na COP30

Durante a COP30, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos não anunciarão investimentos para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). O TFFF é uma iniciativa do governo brasileiro, coordenada pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Fazenda, que busca combinar investimentos e negócios sustentáveis. O Brasil já contribuiu com US$ 1 bilhão, enquanto o fundo tem como meta reunir US$ 25 bilhões em recursos públicos.

A equipe econômica do Brasil esperava anúncios de aportes internacionais na conferência, mas o chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou na sexta-feira (7.nov.2025) que a Alemanha não fará um aporte imediato. Ele afirmou que o país realizará uma contribuição “considerável”, mas sem detalhar valores ou prazos.

A Espanha direcionou 45 milhões de euros para outros fundos climáticos, como o Fundo de Adaptação e o Fundo de Perdas e Danos, mas não aportou recursos ao TFFF, conforme confirmado pelo presidente espanhol, Pedro Sánchez. A Holanda ainda está avaliando a possibilidade de apoiar a iniciativa.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o TFFF já recebeu US$ 5,58 bilhões em compromissos financeiros de diversas nações, sendo que US$ 3,577 bilhões, cerca de 64%, estão condicionados a critérios específicos não detalhados.

O Ministério da Fazenda definiu duas metas para o fundo: alcançar US$ 125 bilhões no total, dos quais US$ 25 bilhões (20%) seriam de recursos públicos e US$ 100 bilhões (80%) de capital privado, com uma relação esperada de US$ 1 público para cada US$ 4 privados. Espera-se que esse capital privado seja atraído por meio da emissão de títulos no mercado internacional.

O programa TFFF faz parte do Plano de Transformação Ecológica do governo federal e visa criar um modelo de financiamento climático para a conservação das florestas tropicais. O fundo remunera inicialmente os investidores que compram os ativos e depois os países que conseguirem preservar suas florestas.

O Ministério do Meio Ambiente informa que o fundo abrange quase 90% das florestas tropicais em países em desenvolvimento, incluindo Indonésia, República Democrática do Congo e China. O modelo prevê que os países que conservarem suas áreas florestais recebam US$ 4 por hectare preservado, mas esses pagamentos só ocorrerão após a completa capitalização do fundo e dependem da composição total dos recursos.

Os lucros serão distribuídos proporcionalmente à área preservada, enquanto o capital investido retornará aos investidores com rendimento.

Para garantir transparência, o TFFF utilizará monitoramento por satélite padronizado internacionalmente, com disponibilização de dados públicos. A iniciativa estimulará a demanda por títulos de dívida sustentável, como “green bonds” e “blue bonds”, complementando o mercado de carbono.

O Ministério da Fazenda vê esse modelo como um potencial divisor de águas para a economia verde do Brasil, ao unir esforços internacionais, retorno financeiro e preservação ambiental. Contudo, o sucesso depende da captação efetiva dos recursos, da implantação dos sistemas de monitoramento e da capacidade de transformar a conservação em ferramenta de desenvolvimento sustentável para as comunidades locais.

O conselho do Banco Mundial aprovou, em outubro, sua participação no TFFF, assumindo a função de agente fiduciário e administrador inicial do fundo, hospedando também seu secretariado. O banco gerenciará os recursos via um fundo intermediário e fará os pagamentos baseados em resultados validados por imagens de satélite. Essa aprovação demonstra apoio do Banco Mundial ao trabalho brasileiro na estruturação do fundo.

O Banco Mundial dispõe de recursos para gerir esses serviços pelos próximos três anos.

Créditos: Poder360

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