Internacional
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Especialistas consideram inviável invasão terrestre dos EUA na Venezuela

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (17) que não descarta a possibilidade de enviar tropas para a Venezuela. No entanto, especialistas militares avaliam que uma invasão terrestre no país é inviável no momento, principalmente devido a fatores geográficos e logísticos.

Desde agosto, os EUA têm mobilizado um grande aparato militar no Caribe, em uma operação que, segundo a Casa Branca, tem como objetivo combater o tráfico internacional de drogas. Atualmente, navios de guerra, aeronaves e o maior porta-aviões do mundo estão posicionados na região.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, declarou estar disponível para um diálogo “cara a cara” com Trump, que indicou também a abertura para uma conversa com a Venezuela.

Segundo especialistas, as características do território venezuelano, como seu tamanho, relevo acidentado e florestas densas, criam desafios significativos para uma operação militar de grande escala.

Maurício Santoro, doutor em Ciência Política e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha Brasileira, afirma que tropas leais a Maduro poderiam se recolher a áreas isoladas para resistir a uma eventual ofensiva. O controle da ordem pública em grandes cidades como Caracas, com mais de 2 milhões de habitantes, demandaria um contingente muito grande de soldados.

Santoro destaca que o número atual de tropas americanas no Caribe é insuficiente para conduzir uma invasão em larga escala. Ele compara com a invasão do Iraque, que contou com cerca de 100 mil soldados, considerado um número baixo na época e que se mostrou inadequado diante da complexidade da ocupação.

Uma alternativa mais provável seria a ocupação de ilhas próximas ao litoral venezuelano ou a tomada de portos estratégicos, buscando restringir o acesso do país ao mar.

Embora uma invasão terrestre completa pareça improvável no momento, os Estados Unidos estariam prontos para outras operações contra a Venezuela, como ataques aéreos. O reforço desse arsenal inclui o porta-aviões USS Gerald Ford, o maior do mundo, que está acompanhado de um grupo de ataque com destróieres, esquadrões de caças F-18 e helicópteros.

Santoro observa que o poderio militar americano no Caribe não tem paralelo desde a década de 1960, ressaltando que o USS Gerald Ford, sozinho, possui mais aviação de caça do que toda a Força Aérea Brasileira.

No domingo (16), Trump afirmou que poderia iniciar uma conversa com Maduro, embora não tenha detalhado como seria esse diálogo ou o que poderia ser negociado. Ele mencionou que a Venezuela demonstrou interesse em diálogo com os EUA.

No dia seguinte, ao não descartar o envio de tropas, Trump reafirmou a possibilidade de conversa e afirmou a necessidade de resolver a “questão” venezuelana.

Durante um programa de televisão estatal, Maduro reiterou sua disposição para um encontro direto com o presidente norte-americano.

Santoro indica que o desfecho ideal para a administração Trump seria uma transição de poder negociada, com a renúncia de Maduro ou sua queda por um golpe militar interno. Entretanto, ele ressalta que atualmente a cúpula do regime deve permanecer no país, embora não descarte a possibilidade de uma fuga dos líderes após eventual início de hostilidades.

Créditos: g1

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