Banco Central decreta liquidação extrajudicial do Banco Master
O Departamento de Resolução e de Ação Sancionadora (Derad) do Banco Central do Brasil decretou nesta terça-feira (18) a liquidação extrajudicial do Banco Master. Além disso, foi determinada a indisponibilidade dos bens de duas empresas, três controladores e oito ex-administradores. Na noite anterior, a Polícia Federal prendeu o presidente da instituição, Daniel Bueno Vorcaro.
Com essa medida, o Banco Master será retirado gradualmente do Sistema Financeiro Nacional. O Banco Central utiliza a liquidação extrajudicial quando identifica que a empresa não tem condições de reverter sua situação financeira ou quando há violações das normas vigentes. O comunicado oficial informou que a EFB Regimes Especiais será a liquidante extrajudicial, com amplos poderes de administração e representação da instituição.
A prisão do presidente ocorreu durante a Operação Compliance Zero, que investiga a suposta fabricação de carteiras de crédito fraudulentas pela instituição, ou seja, a venda de promessas de pagamento que não seriam cumpridas. Entre os crimes investigados estão gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, declarou que as investigações indicam uma fraude suspeita de R$ 12 bilhões contra o sistema financeiro nacional.
Vorcaro foi detido em São Paulo enquanto se preparava para embarcar para Dubai em um jatinho particular. A Polícia Federal já monitorava o empresário, natural de Belo Horizonte, e o interceptou no aeroporto de Guarulhos. A defesa negou que a viagem seria uma tentativa de fuga, afirmando que Vorcaro estaria indo ao país árabe para tentar vender o banco, conforme anunciado no dia anterior.
A operação da Polícia Federal resultou no bloqueio de R$ 12,2 bilhões em contas bancárias, em quatro prisões preventivas e duas prisões temporárias, além da apreensão de carros de luxo, obras de arte, relógios e R$ 1,6 milhão em dinheiro.
O Banco Master enfrentava uma crise de liquidez e credibilidade que culminou na deflagração da Operação Compliance Zero. A Polícia Federal investiga a emissão de títulos de crédito falsificados pela instituição. O Banco de Brasília (BRB) tentou adquirir parte do Banco Master, mas teve sua compra barrada pelo Banco Central. Outro interessado na compra era o grupo Fictor, que manifestou interesse no dia anterior à decretação da liquidação.
O banco era conhecido por oferecer altos retornos em aplicações, como CDBs com remuneração de até 140% do CDI, enquanto a média do mercado estava próxima a 100%. Para a Polícia Federal, entretanto, a empresa estaria fabricando carteiras de crédito inexistentes.
Clientes com investimentos em CDB de até R$ 250 mil serão ressarcidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Valores acima desse limite entrarão em uma lista de credores para receber restituição ao longo do processo de liquidação. Também há a possibilidade de investidores buscarem a Justiça alegando que a liquidação foi indevida.
Créditos: Gazeta do Povo