Banco Central decreta liquidação do Banco Master, que pode ter venda de ativos

A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central, não impede necessariamente a venda do controle da instituição, conforme a regulação do órgão. Contudo, as negociações se tornam mais complexas e devem se focar na transferência separada de ativos, segundo profissionais de mercado.

O Banco Central esclarece que a liquidação extrajudicial de um banco pode ser encerrada em quatro situações, incluindo a transferência do controle societário para levantar capital e pagar credores. A liquidação pode ser finalizada também por outras condições além da venda do controle.

A Lei nº 6.024/1974 permite que o liquidante designado pelo BC preserve o valor da instituição, incluindo a venda parcial ou total de ativos, carteiras ou da própria empresa. O Banco Central pode ainda autorizar o liquidante a requerer judicialmente a falência, que encerraria a liquidação extrajudicial.

No processo, o BC busca recursos para pagar credores, com o liquidante apurando quais ativos do Banco Master podem ser vendidos. As negociações ocorrem no mercado com empresas interessadas.

A venda do controle do Banco Master, anunciada na véspera, foi suspensa por um consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira. Profissionais indicam que é improvável que se avancem tratativas envolvendo o banco inteiro neste momento, concentrando-se a venda em ativos específicos.

Entre os ativos a serem negociados está o Will Bank, banco digital comprado pelo Master em 2024, que atende mais de 10 milhões de clientes nas classes C e D e oferece produtos financeiros variados. Outros ativos que podem atrair compradores incluem a Credcesta, empresa de cartão benefício para consignado do INSS, e a Kovrpar, do setor de seguros.

No balanço de 2024, o Banco Master listou R$ 24,8 bilhões em títulos, distribuídos em diversos fundos de investimentos como FIDCs, FIIs e FIPs. O patrimônio líquido estava em R$ 4,7 bilhões, com ativos totais de R$ 63,014 bilhões, sendo R$ 21,9 bilhões em operações e títulos com risco de crédito.

Os instrumentos financeiros do banco atingiam R$ 54,3 bilhões, mas apenas R$ 384 milhões em aplicações com resgate rápido. Os depósitos somavam R$ 49,9 bilhões, com destaque para CDBs (R$ 30,8 bilhões) e LCIs (R$ 3,2 bilhões), além de letras financeiras.

A liquidação não afeta diretamente operações do Banco Master Múltiplo, que segue atuando, nem o banco digital Will Bank.

A suspensão da venda do Master e a liquidação decretada pelo Banco Central complicam o cenário, mas a possibilidade de venda de ativos se mantém como alternativa para levantar recursos e atender credores.

Créditos: UOL Economia