Papa pede libertação de 265 estudantes e professores sequestrados na Nigéria

Cinco dezenas dos 303 estudantes sequestrados em uma escola católica no estado de Níger, centro-norte da Nigéria, conseguiram escapar e já estão com suas famílias, informou a direção da instituição no domingo (23), trazendo alívio para algumas famílias após um dos maiores sequestros escolares na história do país.

Os estudantes, com idades entre 10 e 18 anos, fugiram individualmente entre sexta-feira (21) e sábado (22), conforme relatado pelo Reverendíssimo Bulus Dauwa Yohanna, presidente da Associação Cristã da Nigéria no estado de Níger e proprietário da escola.

No domingo, o Papa solicitou a libertação imediata dos alunos e funcionários ainda mantidos na escola.

Ao todo, 253 crianças em idade escolar e 12 professores continuam em cárcere pelos sequestradores, segundo Yohanna.

Eles foram sequestrados por homens armados que atacaram a St. Mary’s, uma escola católica na comunidade remota de Papiri, no último dia 21.

Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo sequestro, e as autoridades nigerianas não divulgaram informações recentes sobre as operações de resgate. Não está claro onde os cativos estão sendo mantidos nem como os que escaparam conseguiram retornar para casa.

A escola fica próxima a uma estrada importante que liga as cidades de Yelwa e Mokwa, em uma área onde grupos armados atuam a partir de grandes florestas interligando vários estados e pontos de conflito.

Durante uma missa na Praça de São Pedro, o Papa Leão XIV expressou estar “profundamente entristecido” com o ocorrido e reiterou o pedido urgente para a libertação.

Sequestros em escolas tornaram-se frequentes na Nigéria, com gangues armadas apontando instituições como alvos estratégicos para chamar atenção. Desde o sequestro das meninas de Chibok, há mais de dez anos, cerca de 1.500 estudantes foram sequestrados, muitos libertados somente após pagamento de resgates.

O incidente no estado de Níger aconteceu quatro dias depois de um sequestro semelhante envolvendo 25 crianças na cidade de Maga, no estado vizinho de Kebbi, a 170 quilômetros dali.

Ambos os estados estão na região norte da Nigéria, onde dezenas de gangues armadas empregam o sequestro para extorquir resgates e impor controle sobre comunidades remotas com pouca presença de autoridades.

Após o ataque, o estado de Níger fechou todas as escolas enquanto faculdades em áreas conflituosas da região também foram temporariamente suspensas.

Os sequestros ocorrem em meio a alegações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre perseguição a cristãos no país, embora os ataques afetem tanto muçulmanos quanto cristãos. O recente sequestro em Kebbi ocorreu em uma cidade majoritariamente muçulmana.

Prisões são raras, e o pagamento de resgates é comum em vários pontos críticos no norte do país.

Confidence McHarry, analista de segurança da SBM Intelligence, de Lagos, afirmou que, apesar de não haver evidências de que os comentários de Trump motivaram novos ataques, a falta de consequências é o que alimenta a continuidade dessas ações.

Créditos: g1 globo