EUA avaliam reunião em Genebra como avanço em plano de paz para Ucrânia
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou neste domingo (23) que houve progresso nas negociações com o governo ucraniano sobre um esboço do plano norte-americano para encerrar a guerra na Ucrânia. A reunião ocorreu em Genebra, Suíça, com uma delegação ucraniana.
Andriy Yermak, chefe do gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, descreveu o encontro como “uma primeira sessão muito produtiva com a distinta delegação norte-americana” e agradeceu aos Estados Unidos e ao presidente Donald Trump pelo compromisso com a paz.
O presidente Zelenskiy destacou que “havia sinais de que a equipe do presidente Donald Trump está ouvindo a Ucrânia” e informou que as conversas continuavam na Suíça, com as equipes trabalhando até a noite e preparando novos relatórios.
Zelenskiy já havia agradecido aos EUA pelo apoio, especialmente após declarações de Trump nas redes sociais afirmando que os líderes ucranianos expressaram “zero gratidão” pela ajuda americana.
Agradecimentos também foram dirigidos à Europa e aos grupos G7 e G20, ressaltando a importância de manter esse suporte. Segundo Zelenskiy, é necessário atuar cuidadosamente para garantir que o processo rumo à paz seja correto, visando o fim do conflito e evitando sua repetição.
Paralelamente, está em discussão uma proposta de paz dos EUA que sugere concessões territoriais à Rússia e garantias de segurança limitadas para a Ucrânia.
Países europeus elaboraram uma versão modificada dessa proposta, rejeitando os limites militares sugeridos para a Ucrânia e as concessões territoriais. O documento europeu, desenvolvido pelo Reino Unido, França e Alemanha (E3), propõe limitar as forças ucranianas a 800 mil soldados em tempos de paz, diferente do teto de 600 mil sugerido pelos EUA.
Além disso, as negociações sobre trocas territoriais deveriam começar a partir da Linha de Contato atual, não reconhecendo previamente áreas como “de fato russas”, como proposto pelos Estados Unidos.
O texto europeu contesta ainda a proposta norte-americana de usar ativos russos congelados no Ocidente como parte do acordo e defende que a Ucrânia receba garantias de segurança dos EUA.
Na sexta-feira (21), Zelenskiy falou sobre a pressão significativa sobre a Ucrânia, afirmando que o país pode ter que escolher entre a dignidade e preservar parcerias essenciais. Ele assegurou que Kiev estudará a proposta com calma e se comprometeu a agir de forma construtiva, enquanto Trump pressiona uma resposta até 27 de novembro.
Antes dessa declaração, Zelenskiy conversou com o vice-presidente americano, JD Vance, e manteve contato com líderes da Alemanha, França e Reino Unido, que reafirmaram apoio à Ucrânia e elogiaram os esforços de Trump para encerrar o conflito.
Contudo, o governo dos EUA surpreendeu aliados europeus ao apresentar o plano sem consulta ampla prévia.
Neste domingo, Trump utilizou sua rede social Truth Social para criticar o governo ucraniano, acusando-o de “nenhuma gratidão pelos nossos esforços”, em referência à mediação da Casa Branca para um acordo de paz.
Trump também condenou países europeus que continuam a comprar petróleo da Rússia, contrariando sanções econômicas impostas ao comércio dessa commodity, apontada como fonte de financiamento militar russo.
As declarações de Trump ocorreram horas após a chegada do secretário de Estado, Marco Rubio, a Genebra, onde discutiu a proposta norte-americana.
Este conjunto de encontros e declarações reflete a complexidade das negociações de paz em curso e as tensões entre os envolvidos no processo.
Créditos: g1