Economia
13:05

Reação de EUA à prisão de Bolsonaro provoca alerta no mercado

A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro no sábado, 22, gerou repercussões políticas, econômicas e agora internacionais. A primeira reação significativa veio dos Estados Unidos. Donald Trump, informado do episódio por um jornalista brasileiro, demonstrou surpresa e lamentou o ocorrido dizendo: “É uma pena. Muito ruim.” Embora sua declaração tenha sido vaga, teve impacto entre os aliados do ex-presidente.

Porém, a sinalização que mais preocupou investidores veio do Departamento de Estado dos EUA.

Christopher Landau, vice-secretário de Estado, publicou nas redes sociais críticas contundentes ao ministro Alexandre de Moraes e ao Supremo Tribunal Federal. Ele chamou Moraes de “violador de direitos humanos” e acusou o STF de “politizar escancaradamente o processo judicial”. A embaixada americana no Brasil republicou essa mensagem.

Esse episódio teve impacto imediato: economistas e gestores financeiros interpretaram a mensagem como um possível ponto de inflexão. O receio é que essa crítica, incomum tanto no tom quanto na origem, possa desencadear uma escalada diplomática, especialmente se Trump, atualmente favorito nas pesquisas para retornar à presidência dos EUA, transformar o caso em uma bandeira política.

Analistas consideraram o post de Landau como “uma mensagem dura demais para ser ignorada”.

Gestores ouvidos no decorrer do fim de semana reconheceram o desconforto gerado. A avaliação predominante é que a fala isolada de Trump tem efeito limitado, mas a posição oficial de um alto funcionário do Departamento de Estado amplia o risco de deterioração em curto prazo.

Há dúvidas nos mercados se Washington ficará restrito à retórica ou adotará medidas mais severas para defender Bolsonaro — possibilidade improvável com a atual administração democrata, mas plausível caso Trump retorne ao poder.

Até o momento, o mercado monitora possíveis repercussões no Congresso americano, movimentos extras do Departamento de Estado e reações de aliados internacionais de Bolsonaro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao encerrar o G20 na África do Sul, procurou isolar a crise. Ele evitou comentar decisões do Supremo Tribunal Federal, mas deixou claro que não aceitará interferências externas. Lula afirmou: “Eu não faço comentário sobre decisão da Suprema Corte. A justiça decidiu, tá decidido. Todo mundo sabe o que ele fez.” Além disso, rebateu Trump diretamente: “Acho que o Trump tem que saber que nós somos um país soberano. O que a nossa justiça decide, está decidido.”

Essa resposta, ainda que diplomática, foi entendida como um recado: o governo brasileiro não pretende ceder a pressões internacionais sobre o caso Bolsonaro.

A crítica dos Estados Unidos fornece munição imediata para o grupo bolsonarista, que tenta caracterizar a prisão como perseguição judicial. Já a administração Lula vê na situação a chance de reforçar a narrativa da soberania institucional e da proteção ao STF.

Do ponto de vista econômico, o risco principal é o potencial impacto negativo nas expectativas, considerando o momento já sensível do contexto global e o acompanhamento atento dos investidores sobre a crise fiscal brasileira.

Créditos: Veja Abril

Modo Noturno