Venezuela rejeita designação dos EUA do ‘Cartel de los Soles’ como terrorista
O governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro, classificou como uma “mentira ridícula” a decisão dos Estados Unidos de designar o Cartel de los Soles como uma organização terrorista. A medida, anunciada no início deste mês, entrou em vigor na segunda-feira (24).
Essa designação equipara o grupo, cuja existência é negada pelas autoridades venezuelanas e questionada por especialistas, a outras facções criminosas como o Tren de Aragua e o cartel de Sinaloa.
Mesmo com essa decisão, Donald Trump indicou a aliados o interesse em manter diálogo telefônico com Maduro, segundo o portal Axios. Uma fonte anônima próxima ao governo afirmou que não há planos para qualquer ação militar ou sequestral na Venezuela no momento.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, justificou a nova designação afirmando que o Cartel de los Soles tem papel ativo na importação de drogas para os EUA. Trump acusa Maduro de liderar o cartel, uma alegação que o governo venezuelano nega.
A medida ocorre em um contexto de crescente pressão dos EUA sobre o regime venezuelano, que incluí mobilização militar no Caribe. Maduro demonstra preocupação de que a designação seja usada para justificar intervenção militar, algo que especialistas dizem não ser autorizado apenas por esse ato.
Maduro sempre negou qualquer envolvimento em crimes e acusa os EUA de tentativas de derrubá-lo para controlar reservas petrolíferas do país. O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse em sua conta no Telegram que esta nova ação dos EUA é uma “mentira infame e vil” e que terá o mesmo destino das agressões anteriores: o fracasso.
De acordo com a agência Reuters, os EUA planejam novas operações relacionadas à Venezuela, embora o momento e o alcance ainda sejam incertos. Até agora, os EUA têm realizado ataques a embarcações supostamente envolvidas com narcotráfico e posicionado tropas, navios e aeronaves nas águas internacionais do Caribe e em território aliado.
Em julho, o Departamento do Tesouro americano já havia designado o Cartel de los Soles, referência à insígnia usada por generais venezuelanos, como uma organização terrorista, congelando ativos e proibindo negócios com ele nos EUA.
A fundação InSight Crime, que analisa o crime organizado, afirmou que é uma “simplificação excessiva” dizer que Maduro lidera o cartel, descrevendo-o mais como um sistema de corrupção envolvendo oficiais militares e políticos que lucram com o narcotráfico.
Em meio a essa tensão, o general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, visitou Porto Rico e navios da Marinha no Caribe, além de se programar para visitar Trinidad e Tobago para reuniões que reforçam o combate a crimes transnacionais e o tráfico ilícito na região.
As ações e posicionamentos recentes reforçam a crescente pressão dos EUA sobre a Venezuela e refletem os desafios na relação diplomática dos dois países.
Créditos: Folha de S.Paulo