Chefe Militar dos EUA visita base no Caribe em meio a tensão com Venezuela
O general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, visitou uma base em Porto Rico e um dos navios de guerra da Marinha posicionados no Mar do Caribe em meio a crescentes tensões com a Venezuela.
Durante a visita, Caine agradeceu as tropas pouco antes do feriado de Ação de Graças. Ele é considerado o principal responsável pela Operação Lança do Sul, a maior mobilização naval dos EUA no Caribe desde a Crise dos Mísseis de 1962.
Nos últimos dias, forças americanas e de Trinidad e Tobago realizaram exercícios militares conjuntos para combater o tráfico ilegal e organizações criminosas transnacionais. O general deve seguir para Trinidad e Tobago para discutir esses temas com a premier Kamla Persad-Bissessar.
O deslocamento acontece em meio à análise da administração Trump sobre medidas para aumentar a pressão contra o regime de Nicolás Maduro, incluindo possíveis ações militares. Recentemente, os EUA designaram o chamado Cartel de Soles como uma organização terrorista, acusando Maduro de liderar o grupo.
No Caribe, aproximadamente 15 mil militares americanos estão presentes, incluindo cerca de 5 mil na base de Roosevelt Roads, em Porto Rico, que foi recentemente reativada. O porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo, também está na região, com aviões militares realizando treinamentos próximos à costa venezuelana.
O Pentágono informou que Caine viajou acompanhado por David L. Isom, assessor sênior e membro da força Navy SEALs, para reuniões com militares do Comando Sul.
O governo americano intensificou ataques a embarcações suspeitas de transportar drogas no Caribe e no Pacífico, com pelo menos 21 operações desde setembro, resultando em 83 mortes. Caças e bombardeiros realizam missões frequentes na região.
Embora não haja uma decisão final sobre novas ações militares, debates sobre possíveis ataques terrestres e outros alvos têm ocorrido em reuniões de segurança nacional.
A base de Roosevelt Roads, anteriormente a maior estrutura naval dos EUA no exterior, recebeu melhorias recentes, incluindo modernizações nas pistas e instalações para apoiar um aumento nas operações aéreas. Outras bases civis e militares também têm sido preparadas em Porto Rico, St. Croix e El Salvador.
Enquanto isso, a Venezuela acusa os EUA de cercar o país e intensificou a repressão interna, incluindo uso de aplicativos para denúncias e envio de grupos paramilitares para controlar bairros.
Após a cúpula do G20, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva declarou sua intenção de contatar Trump para expressar preocupação com a elevação da presença militar americana na região, alertando para o risco de desestabilização na América do Sul. Lula enfatizou que não há razão para uma guerra e que soluções devem ser buscadas antes de qualquer escalada.
A situação também afetou voos comerciais, com companhia aéreas cancelando viagens de e para Venezuela após alerta da FAA devido à intensificação das atividades militares na região.
Créditos: O Globo