Trump recua diante do Brasil enquanto Bolsonaro observa preso
A cobertura do The New York Times sobre a derrota de Donald Trump em uma disputa diplomática com o Brasil destaca como a diplomacia pode ser decisiva quando aplicada com estratégia, especialmente quando o adversário subestima o contexto.
O jornal lembra que Washington pressionou o presidente Lula para que aliviasse a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe. A pressão foi intensa, incluindo carta dura, reclamações e ameaças comerciais. Entretanto, o governo brasileiro manteve sua posição, negociou reservado e permitiu que Lula usasse sua habilidade política nas conversas com o presidente dos EUA.
Como resultado, meses depois, foi Trump quem recuou. As tarifas foram reduzidas, a retaliação comercial perdeu força, e o Brasil saiu vantajoso desse confronto. Essas ações não foram anunciadas publicamente inicialmente, o que talvez tenha contribuído para seu sucesso.
O episódio traz uma ironia: Bolsonaro, que sempre teve Trump como referência moral e política, agora está preso preventivamente e observa da Polícia Federal a cena rara da última década em que seu ídolo sofre um revés diante do rival Lula, que ele sempre tentou desqualificar.
Esse acontecimento é significativo. O recuo de Trump demonstra que o Brasil possui atualmente influência suficiente para exigir renegociações, que os EUA não podem mais impor decisões internas brasileiras e que a intimidação via comércio não gera mais resultados automáticos. Esse reconhecimento, vindo do lado americano, é um revés para Bolsonaro tão impactante quanto algumas decisões judiciais.
Lula agiu conforme sua tradição: adotando um discurso firme para o público interno e conduzindo negociações pragmáticas nos bastidores. Ele não adotou postura conflituosa, mas mostrou sua capacidade de crescimento mesmo em meio às dificuldades. Essa lição certamente será refletida por Bolsonaro durante seu período na prisão da Polícia Federal em Brasília.
Créditos: Veja Abril