Política
11:07

Indicação de Messias ao STF provoca ruptura entre Alcolumbre e Wagner

A indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) causou uma crise na relação entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA). Aliados descrevem o episódio como um “rompimento sem volta”.

Alcolumbre sentiu-se traído por Wagner, que desde a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso manifestou publicamente que Lula já tinha decidido indicar Messias. Naquele momento, senadores da base aliada tentavam apoiar o ex-presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). À imprensa, Wagner afirmou desconhecer a causa do rompimento.

Na quinta-feira, 20, momentos antes de Lula oficializar a indicação, Wagner tentou contato com Alcolumbre e Pacheco, mas foi ignorado por ambos.

Aliados revelam que Pacheco ficou incomodado com as declarações de Wagner sobre Lula tê-lo chamado para informar a escolha de Messias e sugerir que ele concorresse ao governo de Minas Gerais. Pacheco, que sempre apoiou o Executivo durante sua presidência do Senado, teria se decepcionado com a postura do líder do governo.

Na Câmara dos Deputados, um quadro semelhante ocorre: o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) anunciou o rompimento de relações com o líder petista Lindbergh Farias (PT-RJ).

Nesse contexto difícil no Senado, Wagner encara o desafio de conseguir 41 votos para aprovar Messias no STF. Ele declarou que não espera a votação ainda neste ano.

Há uma ala no Senado defendendo que a sabatina de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ocorra logo para aproveitar o clima acirrado dos opositores da nomeação, principalmente entre os que apoiavam Rodrigo Pacheco.

O governo, porém, aposta numa estratégia de deixar o nome “assentar” para minimizar a rejeição.

Quando a indicação chegar ao Senado, Alcolumbre terá a responsabilidade de encaminhar Messias para a CCJ. O presidente da comissão, Otto Alencar (PSD-BA) – aliado próximo de Wagner – tem a prerrogativa de decidir sobre a realização da sabatina.

Se houver pressão para acelerar a análise, o governo confia em Alencar para administrar o processo com cautela.

Nesta segunda-feira, 24, Messias enviou uma nota elogiando Alcolumbre e manifestando disponibilidade para seu “escrutínio constitucional”. Ele afirmou acreditar que poderão aprofundar o diálogo e encontrar soluções institucionais que valorizem a política pelos princípios da democracia.

Messias começará a visitar senadores nesta semana, incluindo encontro com a bancada evangélica.

Evangélico, o indicado de Lula recebeu apoio do líder do Republicanos, bolsonarista Mecias de Jesus (RR), e do ministro do STF André Mendonça.

Embora ligado à Igreja Batista, Messias não tem apoio unânime entre esse grupo político.

Alcolumbre, Pacheco e Wagner foram procurados para comentar, mas não se manifestaram.

Créditos: Valor

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