Opinião
13:07

Trump propõe acordo de paz para Ucrânia, mas Zelenski resiste a pressões

Quando parecia improvável uma solução rápida para a Guerra da Ucrânia, Donald Trump apresentou um acordo de paz elaborado em conjunto por um negociador americano e um russo. A Ucrânia e seus aliados europeus foram informados apenas posteriormente.

A Casa Branca estipulou o prazo até quinta-feira (27) para que o presidente Volodimir Zelenski aceitasse a proposta. Pressões incluíram a sugestão de interromper o fornecimento de armas a Kiev.

Zelenski enfrenta dificuldades internas causadas por um escândalo de corrupção que resultou na queda de ministros, e também na linha de frente, com a Rússia intensificando ataques e ameaçando a defesa do país desde a invasão quase quatro anos atrás.

A fragilidade do governo foi expressa por Zelenski ao dizer que enfrentavam uma “escolha difícil: ou perder a dignidade ou um grande aliado”. Com suporte externo, ele buscou reagir.

No domingo (23), as equipes negociadoras da Ucrânia e dos EUA reuniram-se em Genebra. Dos 28 pontos do plano inicial de Trump, que favoreciam amplamente a Rússia, reduziram-se a 19, com uma proposta mais equilibrada. O Kremlin, entretanto, declarou que não aceitará essas modificações.

O documento inicial propunha perdas territoriais e atendia demandas russas, porém restringia a soberania ucraniana em temas amplos, como limitações às Forças Armadas e a realização de eleições em cem dias, além de proteções específicas, como à Igreja Ortodoxa Russa no país. Essas cláusulas estão sendo revisadas, e o prazo estabelecido dificilmente será cumprido.

Putin não deve conseguir vencer a guerra e subjugar a Ucrânia apoiada pelo Ocidente, ao contrário do que afirmam generais russos; e Zelenski não parece capaz de expulsar os invasores, como desejam líderes europeus.

Assim, serão necessárias concessões, porém Putin não deve ser recompensado pelo uso da força no século XXI. Fica a lembrança do Acordo de Munique de 1938, quando Reino Unido e França cederam territórios ao nazismo, com consequências desastrosas.

O fim da guerra seria uma ótima notícia, especialmente se viesse acompanhado de um cronograma para a retomada das relações Rússia-Ocidente.

Alguns críticos afirmam que Putin busca reconstruir um império, o que pode ser verdade, mas é fato que a expansão da OTAN sobre ex-países do bloco socialista demonstra pouca magnanimidade dos EUA na vitória sobre a União Soviética.

Se as negociações naufragarem, Trump terá dado outro presente a Putin, que mesmo tendo se distanciado da autoria da proposta poderá alegar que o problema não é seu, ganhando tempo para a continuação da guerra.

Créditos: Folha de S.Paulo

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