Internacional
06:08

Secretário do Exército dos EUA lidera esforço por acordo de paz na Ucrânia

O secretário do Exército dos EUA, Dan Driscoll, esteve na Casa Branca no começo do mês, preparando-se para uma viagem a Kiev na qual discutiria tecnologia de drones, quando recebeu uma tarefa inesperada do presidente Donald Trump: convencer a Ucrânia a retornar rapidamente às negociações de paz com a Rússia.

Driscoll, um veterano do Exército de 38 anos e amigo próximo do vice-presidente JD Vance, não possuía experiência diplomática antes dessa missão.

No entanto, uma abordagem “de Exército para Exército” parecia promissora, pois os ucranianos confiam em oficiais do Exército americano que treinam e equipam suas forças há mais de uma década.

Trump também demonstra apreço por Driscoll, a quem chama de “o cara dos drones”, referência ao trabalho extenso que ele desenvolveu com tecnologias de drones para o Exército. Sempre que está na Casa Branca, Trump consulta Driscoll sobre decisões relacionadas à Ucrânia.

Driscoll recebeu o desafio com entusiasmo. Após uma semana intensa de negociações em três países, ele está próximo de um sucesso parcial: Kiev aceitou os “termos principais” de um acordo de paz discutido por ele e pelo Secretário de Estado Marco Rubio com autoridades ucranianas em Genebra no último fim de semana.

A participação de Driscoll exemplifica a estratégia não convencional de Trump de delegar a figuras com laços pessoais ou comerciais negociações em crises internacionais, ao invés de diplomatas de carreira. Jared Kushner, genro de Trump, é exemplo disso ao atuar em esforços no Oriente Médio, enquanto Steve Witkoff foi nomeado enviado especial focado nos conflitos na Ucrânia e em Gaza.

Fontes informam que Driscoll manteve comunicação constante com a Casa Branca, com Trump transmitindo orientações via Vance e Witkoff.

Driscoll também se encontrou com russos em Abu Dhabi na segunda e terça-feira, porém Moscou ainda não aprovou o plano, que foi significativamente modificado em relação à proposta inicial de 28 pontos dos EUA, que parecia favorecer os interesses russos.

Essa missão ressalta o prestígio de Driscoll no governo, apesar da proximidade com a Casa Branca e Vance ter causado tensão com o Secretário de Defesa Pete Hegseth.

Leslie Shedd, ex-conselheira do Comitê de Relações Exteriores da Câmara e pesquisadora no Atlantic Council, afirmou que Driscoll “é uma estrela em ascensão no governo” e que Trump está convocando seus principais nomes para obter os melhores acordos sem prolongar negociações.

Curiosamente, Hegseth não tem sido uma dessas figuras convocadas. A situação gerou especulações sobre a possibilidade de Driscoll substituir Hegseth no cargo de secretário de defesa, tema discutido discretamente por meses.

Enquanto Driscoll atuava em diplomacia delicada no exterior sobre temas de guerra e paz, Hegseth permanecia em casa investigando o senador democrata Mark Kelly e publicando sobre o assunto nas redes sociais.

Apesar da ausência de experiência diplomática — especialmente no relacionamento com russos —, o ex-embaixador dos EUA na Polônia, Daniel Fried, destacou a importância de Driscoll estar ali, pela confiança que possui de Trump, e a necessidade de alguém que compreenda os detalhes para identificar possíveis artimanhas russas.

Fried ressaltou que “é preciso alguém capaz de detectar o mau cheiro das bombas”, evidenciando a complexidade do papel exercido por Driscoll na negociação.

Créditos: CNN Brasil

Modo Noturno