Política
10:06

Ministro da Defesa defende afastar política dos quartéis após prisões no 8 de Janeiro

A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos militares envolvidos na trama golpista relacionada ao 8 de Janeiro marcou o encerramento de um capítulo recente da história brasileira. Contudo, para evitar consequências futuras, as Forças Armadas precisam implementar medidas que eliminem a influência da política dentro dos quartéis.

Essa avaliação é compartilhada sobretudo pelo ministro da Defesa, José Múcio, que é um defensor da ideia de adoção de vacinas que impeçam a politização das Forças Armadas, incluindo o comando do Exército, Marinha e Aeronáutica.

José Múcio foi um dos principais apoiadores do envio ao Congresso da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Militares, cujo objetivo principal era proibir que militares da ativa se candidatem a cargos eletivos. Entretanto, o tema não avançou, pois o Palácio do Planalto temia que o debate se transformasse em um confronto polarizado no Congresso.

O ministro defende que haja uma quarentena para candidaturas de militares e que aqueles que saem dos quartéis não deveriam retornar a eles, criticando a prática de militares que fazem campanha e depois retornam às suas funções, contaminando o ambiente e o debate interno.

Em 25 de julho, Múcio afirmou que as prisões dos envolvidos na trama golpista representam o “fim de um ciclo”. No momento, entretanto, não há previsão de que o governo retome a discussão sobre o tema, pois já foi bastante polêmica. O Planalto tem evitado confrontos com as Forças Armadas, adotando uma postura cautelosa e técnica em relação às prisões e ao cumprimento judicial.

No Senado, existe uma PEC apresentada pelo líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), que chegou a passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas acabou paralisada. O relator, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), fez alterações que desagradam tanto o governo quanto a oposição.

Com o avanço da investigação da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), a proposta foi deixada de lado no Senado.

Roseann Kennedy é jornalista com pós-graduação em Ciência Política e Economia, com mais de 20 anos de atuação em Brasília, cobrindo a relação entre os poderes e os bastidores políticos.

Créditos: Estadão

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