Incêndio grave em condomínio de Hong Kong deixa 44 mortos e 279 desaparecidos
Pelo menos 44 pessoas morreram e outras 279 estão desaparecidas após um incêndio de grandes proporções atingir prédios de um condomínio no distrito de Tai Po, em Hong Kong, nesta quarta-feira (26/11).
Dezenas de moradores estão hospitalizados, dos quais 45 estão em estado crítico.
Entre as vítimas está um bombeiro de 37 anos, que faleceu enquanto combatia as chamas. O governo o definiu como “dedicado e corajoso”.
O incêndio foi classificado como nível cinco, o grau mais grave em Hong Kong.
A última ocorrência de incêndio desse nível na região — uma região administrativa especial da China — foi em 2008, quando o Cornwall Court, no distrito de Mong Kok, pegou fogo.
Mais de 800 bombeiros foram mobilizados para conter as chamas no condomínio Wang Fuk Court.
O fogo começou às 14h51 no horário local (madrugada no Brasil). Centenas de apartamentos foram evacuados, e os moradores foram levados para abrigos temporários e residências emergenciais.
Na manhã de quinta-feira (27/11), ainda havia fumaça visível em alguns prédios. O fogo foi controlado em quatro das oito torres.
Os bombeiros acreditam que o combate total ao incêndio pode levar o dia todo.
No início da noite de quarta, um bebê e uma mulher idosa foram resgatados dos prédios já em chamas.
Uma investigação está em andamento para determinar as causas do incêndio. As autoridades relataram que a rapidez da propagação foi “incomum”.
A presença de andaimes de bambu no condomínio em reforma pode ter contribuído para o alastramento do fogo.
A polícia informou que placas de poliestireno bloquearam janelas, o que pode ter acelerado a disseminação das chamas.
Três pessoas foram detidas sob suspeita de homicídio culposo: dois diretores de construtora e um consultor de engenharia.
O Wang Fuk Court é formado por oito torres de 31 andares cada, construídas em 1983.
Segundo o censo governamental de 2021, o condomínio possui 1.984 apartamentos para cerca de 4.600 moradores.
Andaimes de bambu são utilizados há séculos em Hong Kong por serem leves, resistentes e de crescimento rápido. Eles são considerados um ícone urbano local, um dos últimos usos do bambu na construção moderna no mundo.
Em março, o Departamento de Desenvolvimento do governo relatou esforços para eliminar o uso de bambu gradualmente, citando questões de segurança.
A preocupação com os andaimes de bambu surge após mortes relacionadas a eles na cidade. O porta-voz Terence Lam destacou que eles têm “fragilidades intrínsecas” como variações nas propriedades mecânicas, deterioração com o tempo e alta inflamabilidade.
Relatos da mídia local indicaram que houve explosões dentro dos prédios e que mangueiras de incêndio tiveram dificuldades para alcançar os andares superiores.
Moradores do condomínio relataram a intensidade e velocidade do fogo. Harry Cheung, residente há mais de 40 anos, ouviu um barulho alto e viu o fogo cedo, organizando seus pertences rapidamente.
Jason Kong, que tentou resgatar seu cachorro, foi impedido pela polícia e descreveu o avanço rápido das chamas no complexo.
A equipe da BBC na China presente no local sentiu o cheiro de fumaça a 500 metros de distância e conversou com moradores e autoridades locais, que relataram a gravidade e o impacto do incêndio.
O vereador do distrito Mui Siu-fung testemunhou as chamas visíveis pelas janelas do bloco onde tudo começou.
O estudante Tomas Liu descreveu a densa fumaça e o calor intenso quando se aproximou do condomínio.
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Créditos: BBC