Incêndio em Hong Kong já deixa 75 mortos e segue em curso após 24 horas
Bombeiros seguem trabalhando nesta quinta-feira (27) para controlar o incêndio que começou na quarta-feira (26) em um complexo residencial de Hong Kong. Até o momento, o fogo já causou pelo menos 75 mortes e 279 pessoas estão desaparecidas.
O incêndio persiste em alguns pontos por mais de 24 horas, caracterizando-se como o mais letal na cidade em sete décadas. Ao todo, 123 pessoas ficaram feridas, incluindo oito bombeiros. Das vítimas fatais, 51 morreram no local e quatro em hospitais, conforme relatos oficiais.
O Corpo de Bombeiros de Hong Kong recebeu o primeiro chamado sobre as chamas pouco antes das 15h no horário local (4h da manhã em Brasília). O fogo teve início no Wang Cheong House, que integra o complexo Wang Fuk Court, composto por oito blocos residenciais de 32 andares cada, que estava em reformas.
Ao chegarem, os bombeiros encontraram andaimes e redes de proteção já em chamas. O fogo se espalhou rapidamente de um prédio para outro, transformando um incêndio limitado em múltiplos focos simultâneos em vários andares.
Sete dos oito prédios foram afetados, forçando a população que escapou a buscar abrigo temporário. Muitos moradores permaneceram presos, enquanto os bombeiros enfrentavam dificuldade para alcançá-los devido ao calor intenso e à queda de destroços.
Na madrugada desta quinta-feira, três prédios tiveram incêndios totalmente controlados, enquanto nos outros quatro ainda existiam focos isolados, segundo o chefe do Executivo John Lee. O número exato de desaparecidos em escombros e aqueles ainda não contatados segue incerto.
Autoridades confirmaram que sabiam do paradeiro de muitas pessoas presas, porém o calor extremo impedia o acesso dos socorristas. Um especialista afirmou que o fogo se propagou pelos 32 andares do Wang Fuk Court em apenas cinco minutos.
Apesar da declaração do governo de que o incêndio está basicamente sob controle, imagens ao vivo mostram focos de fogo ainda ativos nas janelas dos apartamentos.
O desastre reacendeu o debate sobre a segurança dos andaimes de bambu usados em Hong Kong, material valorizado por ser flexível e barato, mas reconhecido por ser inflamável. O governo planeja inspecionar todos os andaimes de bambu e discutir a substituição por estruturas metálicas.
Um questionamento importante é por que os demais prédios não foram evacuados rapidamente após o incêndio se expandir do primeiro edifício.
Mais de 800 bombeiros atuaram no combate ao fogo, com 128 caminhões e 57 ambulâncias no local. A polícia prendeu três homens acusados de negligência grave.
Investigadores encontraram materiais inflamáveis, incluindo placas de poliestireno bloqueando janelas, redes de proteção, lonas e coberturas plásticas que não cumpririam as normas de segurança. Segundo o diretor do Corpo de Bombeiros, Andy Yeung, as placas são altamente inflamáveis e facilitaram a rápida propagação do fogo.
Entre os mortos está um bombeiro de 37 anos, Ho Wai-ho, que ficou ferido durante o combate ao incêndio e não resistiu. Enquanto isso, centenas de moradores estão desabrigados em uma cidade já marcada pela crise habitacional.
Um morador local, identificado apenas como Ho, expressou preocupação com idosos e animais ainda possivelmente presos nos prédios. O governo declarou que cada família afetada receberá ajuda financeira de 10 mil dólares de Hong Kong (aproximadamente R$ 6.800), além da criação de um fundo de assistência de 300 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de R$ 206 milhões).
Cerca de 500 pessoas estão em nove centros de emergência, com atendimento prestado por 250 médicos e 250 profissionais de saúde.
Este incêndio é provavelmente o mais mortal desde a Segunda Guerra Mundial em Hong Kong. Até então, o incêndio do edifício Garley em 1996, com 41 vítimas, era considerado o pior em tempos de paz.
Incêndios são raros na cidade, que mantém alto padrão em segurança predial e uso frequente de andaimes de bambu, empregados em construções e reformas de prédios históricos.
Embora o bambu seja valorizado por sua flexibilidade, ele é combustível e pode se deteriorar com o tempo. Recentemente, 50% dos novos projetos públicos iniciados a partir de março deverão usar andaimes metálicos para melhorar a segurança e adequar-se a padrões modernos.
Essa medida, porém, enfrenta resistência dos moradores, vistos como preservadores de um patrimônio cultural.
O incidente deve aumentar a pressão sobre as autoridades locais e chinesas. Hong Kong é uma região semiautônoma da China, com controle intensificado por Pequim especialmente após protestos pró-democracia em 2019, que foram reprimidos.
O líder chinês Xi Jinping ofereceu condolências e exigiu total empenho dos órgãos governamentais para minimizar vítimas e danos.
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Créditos: CNN Brasil