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09:10

Incêndio em Hong Kong dura mais de 30 horas e já deixa 94 mortos

Bombeiros seguem trabalhando nesta quinta-feira (27) para conter o incêndio iniciado na quarta-feira (26) em um complexo residencial de Hong Kong, que já causou ao menos 94 mortes e centenas de desaparecidos.

As chamas permanecem ativas em algumas áreas há mais de 30 horas, configurando o incêndio mais letal na cidade em sete décadas.

Ao todo, 123 pessoas ficaram feridas, incluindo oito bombeiros. Entre as vítimas, 51 morreram no local e quatro no hospital, conforme relatado pelas autoridades.

O primeiro chamado para o combate ao fogo ocorreu pouco antes das 15h, no horário local (4h da manhã em Brasília), segundo o Corpo de Bombeiros de Hong Kong.

O incêndio teve início no Wang Cheong House, um edifício residencial de 32 andares que integra os oito blocos do complexo Wang Fuk Court, que estava em reforma, informou Derek Armstrong Chan, vice-diretor operacional do Corpo de Bombeiros.

Quando os socorristas chegaram, andaimes e redes de proteção já estavam em chamas.

As chamas se espalharam rapidamente de prédio para prédio, transformando o fogo inicial em múltiplos focos em vários andares.

Sete dos oito blocos foram afetados, obrigando moradores que escaparam a buscar abrigo temporário.

Ainda assim, várias pessoas ficaram presas nos apartamentos, inacessíveis devido às altas temperaturas e queda de destroços.

Na madrugada desta quinta-feira, três prédios tiveram o fogo controlado, mas quatro ainda apresentavam focos isolados, conforme comunicado do chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee.

Dos 279 desaparecidos, não se sabe quantos estavam presos nos escombros ou se alguns ainda não foram localizados devido à complexidade da operação.

Os bombeiros tinham conhecimento de onde estavam várias vítimas, mas o calor extremo impedia o acesso.

Especialistas afirmam que o fogo se alastrou por 32 andares em apenas cinco minutos, e até o momento, 75 pessoas morreram no complexo Wang Fuk Court.

Apesar da declaração de Lee de que os incêndios estão basicamente sob controle, vídeos ao vivo mostram que o combate ao fogo continua.

O desastre trouxe à tona debates sobre o uso tradicional de andaimes de bambu em Hong Kong, material considerado inflamável apesar de seu baixo custo e flexibilidade.

O governo planeja inspecionar todos os andaimes e discutir a substituição por estruturas metálicas.

Autoridades questionam por que os outros edifícios não foram esvaziados com mais rapidez à medida que o fogo se propagava.

Mais de 800 bombeiros, 128 caminhões de incêndio e 57 ambulâncias foram mobilizados para controlar o sinistro.

Na mesma madrugada, a polícia prendeu três homens sob acusação de negligência grave.

Foram encontradas placas de poliestireno inflamáveis bloqueando janelas, com a construtora identificada nelas. Outros materiais de construção usados, como redes de proteção e lonas plásticas, também não cumpriam normas de segurança.

O diretor do Corpo de Bombeiros, Andy Yeung, destacou que o fogo se espalhou rapidamente devido a esses materiais e que o caso foi encaminhado para investigação policial.

Entre as vítimas fatais está um bombeiro de 37 anos, Ho Wai-ho, que morreu após ser ferido durante o combate às chamas.

A escassez de moradias em Hong Kong agrava a situação dos desabrigados pelo incêndio.

Um morador de 65 anos que conseguiu escapar comenta a gravidade da situação e a possibilidade de ainda haver idosos e animais presos.

O governo promete auxílio de 10 mil dólares de Hong Kong por família afetada e está criando um fundo de assistência de 300 milhões de dólares locais.

Cerca de 500 pessoas permanecem em centros de emergência, atendidas por 250 médicos e profissionais da saúde.

Este incêndio é provavelmente o mais mortal em Hong Kong desde a Segunda Guerra Mundial, superando tragédias anteriores como o incêndio no edifício Garley em 1996, que matou 41 pessoas.

Incêndios são raros na cidade, conhecida por suas rigorosas normas e pela qualidade construtiva.

O uso de andaimes de bambu, tradicional e culturalmente importante, tem sido questionado devido à sua inflamabilidade e deterioração com o tempo.

Novas normas determinam que metade dos projetos públicos construídos a partir de março utilizarão andaimes metálicos para maior segurança.

O incêndio deve intensificar a pressão sobre autoridades locais e o governo central da China.

Hong Kong, uma região semi-autônoma controlada pela China, tem enfrentado maior controle político e redução das manifestações pró-democracia nos últimos anos.

O presidente chinês Xi Jinping manifestou condolências às vítimas e ordenou esforços máximos para minimizar perdas e danos, conforme divulgado pela emissora estatal CCTV.

Créditos: CNN Brasil

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