Internacional
10:05

Trump e Maduro mantêm primeira conversa direta e discutem reunião

Na semana passada, os presidentes Donald Trump (EUA) e Nicolás Maduro (Venezuela) tiveram um contato telefônico direto pela primeira vez, conforme divulgado pelo jornal The New York Times, que citou duas fontes envolvidas. O secretário de Estado Marco Rubio também participou da ligação, durante a qual discutiram a possibilidade de um encontro presencial em breve, sem data definida.

Na quinta-feira à noite, em evento do Dia de Ação de Graças, Trump anunciou que as operações para combater o narcotráfico na Venezuela e no Caribe avançariam para uma fase terrestre. “A terra é mais fácil, e isso começará muito em breve”, afirmou.

Fulton Armstrong, ex-oficial nacional de Inteligência dos EUA para América Latina e professor na American University, comparou a política externa da Casa Branca para a América Latina a uma “montanha-russa”, destacando que as estratégias de Trump costumam alternar entre intimidação militar e abertura a soluções, como exemplificado pela ligação com Maduro, especialmente diante das dificuldades de sucesso do plano militar.

Armstrong comentou que Trump não pretende enviar tropas, mas confia que as Forças Armadas têm tecnologia para realizar operações precisas, e que a CIA recebeu autorização para conduzir ações secretas com oficiais militares dispostos a derrubar Maduro.

Sob a perspectiva de Maduro, o telefonema é visto como uma vitória. O venezuelano sempre se mostrou aberto ao diálogo com os EUA e deseja regularizar o envio de petróleo. Apesar disso, ele dificilmente aceitará novas eleições enquanto as sanções americanas, responsáveis pela crise econômica do país, seguirem vigentes.

A professora de ciência política María Isabel Puerta, da Universidade Estadual do Colorado, considera improvável uma intervenção militar direta. Para ela, as declarações de Trump e as ameaças de ação terrestre refletem a incerteza na atual administração americana, que busca pressionar Maduro a deixar o poder.

Por outro lado, o cientista político Orlando Vieira-Blanco, colunista do El Universal, acredita que operações militares contra alvos criminosos na Venezuela já estão em curso e não têm como objetivo a retirada imediata de Maduro. Segundo ele, a ação visa combater o crime organizado, do qual Maduro seria chefe de um cartel.

Blanco ainda analisou a estratégia de Trump, que deseja a renúncia de Maduro e tenta demonstrar firmeza no combate às drogas e na derrubada do venezuelano. Trump, que afirma ter resolvido vários conflitos em seu mandato, enfrenta dificuldades, mas insiste em aparentar força para agradar sua base MAGA, que rejeita “guerras intermináveis”, mas apoia o controle das fronteiras e da região.

Por fim, afirma-se que Trump estaria convencido, ainda que de forma imprecisa, de que Cuba e Nicarágua também poderão ser enfraquecidas após a saída de Maduro.

Créditos: Correio Braziliense

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