Itaú, Vale e Axia anunciam bilionários dividendos antes da tributação de 2026

Nos últimos dias, grandes empresas do Ibovespa, como Itaú Unibanco (ITUB4), Vale (VALE3) e Axia Energia (AXIA3, ex-Eletrobras) anunciaram pagamentos substanciais de proventos em 2025. Esses pagamentos bilionários antecedem a cobrança de imposto sobre dividendos, que terá início em 2026, encerrando 30 anos de isenção para pessoas físicas.

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que zera o Imposto de Renda para rendas mensais de até R$ 5 mil e amplia o benefício até R$ 7.350, introduzindo também a retomada da tributação sobre lucros e dividendos.

A partir de janeiro de 2026, lucros e dividendos superiores a R$ 50 mil anuais por pessoa física sofrerão uma retenção de 10% do IR na fonte, mas está mantida a isenção para dividendos apurados em 2025, desde que declarados até 31 de dezembro.

Proventos declarados como juros sobre capital próprio (JCP) já são tributados atualmente com IR de 15%.

Somados, os recentes anúncios de Itaú, Vale e Axia somam dezenas de bilhões de reais em proventos para o fim de 2025. O Itaú Unibanco lidera com R$ 23,4 bilhões em dividendos e JCP, confirmando seu histórico como um dos maiores pagadores do mercado brasileiro.

A Vale aprovou a distribuição de R$ 15,3 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio, cujo pagamento estará entre janeiro e março de 2026.

A Axia Energia declarou quase R$ 40 bilhões em dividendos sobre lucros acumulados, ainda sem detalhamento quanto ao pagamento por ação ou cronograma. Além disso, a empresa informou que outros R$ 4,3 bilhões serão pagos em dividendos intermediários.

No caso da Vale, foi aprovada uma remuneração extraordinária de R$ 3,58 por ação para investidores posicionados até o fim do pregão de 11 de dezembro, com ações ex-direito a partir de 12 de dezembro. O pagamento ocorrerá em duas etapas: R$ 1,24 por ação em 7 de janeiro (dividendos) e R$ 0,77 mais R$ 1,57 por ação em 4 de março (JCP). Detentores de ADRs receberão pagamentos em 14 de janeiro e 11 de março.

A Genial Investimentos calcula que, somando os proventos extraordinários e anteriores, a Vale totaliza R$ 7,62 por ação, o que equivale a um dividend yield estimado de 11,5% ao ano.

O Itaú aprovou dividendos de R$ 1,86 por ação e JCP de R$ 0,36 por ação, totalizando R$ 23,4 bilhões em proventos, com retorno em dividendos de 5,36%. As ações ficam ex-direito a partir de 10 de dezembro, com dividendos pagos em 19 de dezembro e JCP até 30 de abril de 2026.

O banco também anunciou o cancelamento de 78,9 milhões de ações preferenciais mantidas em tesouraria, equivalente a cerca de R$ 3 bilhões, sem alterar o capital social total de R$ 124,1 bilhões distribuídos em 10,71 bilhões de ações.

A Genial mantém recomendação de compra para ITUB4, com preço-alvo de R$ 46,80.

Quanto à Axia Energia, foi informado que os proventos serão pagos por meio de nova classe de ações preferenciais (PNC), com direito a voto temporário e conversão prevista em ações ordinárias até 2031. Essa estrutura visa contornar a ambiguidade da nova lei de tributação, permitindo a isenção desde que o dividendo seja declarado ainda em 2025, mesmo com pagamentos posteriores.

Considerando os R$ 40 bilhões recentes, mais os R$ 4,3 bilhões aprovados em novembro e os R$ 4 bilhões referentes a 2025, o total de dividendos da Axia pode chegar a R$ 48,3 bilhões. A recomendação da Genial para AXIA3 é de manutenção, com preço-alvo de R$ 51.

Com o fim da isenção fiscal, os dividendos deixam de ser uma renda praticamente livre de impostos, impactando o retorno final do investidor.

Isso pode levar os cotistas a repensarem suas carteiras, privilegiando ações com maior potencial de valorização ou que realizem recompra de ações em vez de pagar dividendos.

Também haverá um critério mais rigoroso na escolha das empresas, valorizando aquelas que mantiverem pagamentos elevados apesar dos impostos.

Esse cenário impactará a análise de preços das ações, pois o retorno total será influenciado pela nova tributação.

Créditos: Valor Investe Globo