Hong Kong inicia três dias de luto após incêndio que matou 128 pessoas
Hong Kong deu início neste sábado (29) a um período de três dias de luto após um incêndio devastador em um complexo residencial que causou a morte de 128 pessoas, a pior tragédia desse tipo em décadas na região.
O chefe do Executivo local, John Lee, junto a outros altos funcionários, realizou um minuto de silêncio às 8h locais diante da sede do governo. Bandeiras da China e de Hong Kong foram hasteadas a meio mastro devido à gravidade do incidente, que também deixou dezenas de pessoas desaparecidas.
Moradores e visitantes prestavam homenagens e deixavam flores próximas ao conjunto Wang Fuk Court, composto por oito torres e mais de 1,8 mil apartamentos no distrito de Tai Po.
O governo instalou pontos para que a população pudesse assinar livros de condolências. Muitas pessoas visitavam hospitais e centros de identificação na tentativa de encontrar seus familiares, pois 89 corpos ainda não foram identificados.
O órgão anticorrupção da região prendeu oito pessoas ligadas ao incêndio. As investigações preliminares indicam que o fogo começou nos andares inferiores do prédio, provocado por plásticos de proteção usados em reformas. Também acredita-se que andaimes de bambu e painéis de espuma altamente inflamáveis facilitaram a rápida propagação do fogo.
O chefe do departamento de bombeiros, Andy Yeung, relatou falhas no funcionamento dos sistemas de alarme das oito torres e prometeu ações contra os responsáveis pela manutenção.
O órgão anticorrupção informou que entre os detidos estão consultores, subcontratistas de andaimes e intermediários do projeto. Outros três homens já haviam sido detidos anteriormente, suspeitos de terem deixado embalagens de espuma no local.
Ainda há dezenas de feridos em hospitais, sendo 11 em estado crítico e 21 em condições graves. Reportagens registraram socorristas retirando corpos carbonizados de dentro dos escombros do Wang Fuk Court, e corpos sendo levados a um necrotério próximo.
Chris Tang, chefe de segurança da região, avisou que não descartam encontrar mais restos de vítimas durante a investigação detalhada dentro do complexo.
Com a movimentação angustiante das famílias, a polícia ativou um sistema especial para ajudar na identificação e localização dos desaparecidos.
Cerca de 800 pessoas foram alojadas temporariamente em abrigos, e o governo anunciou um fundo de auxílio no valor de US$ 38,5 milhões.
Grandes grupos da população organizam suportes para os afetados, com postos de roupas, alimentos e itens domésticos próximos ao local da tragédia. Serviços médicos e psicológicos também foram disponibilizados, e os organizadores afirmam que as doações recebidas já são suficientes.
Créditos: Folha de S.Paulo