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12:07

Incêndio em Hong Kong deixa 146 mortos e 79 feridos em arranha-céus

O número de mortos no incêndio que destruiu um complexo residencial de arranha-céus em Hong Kong aumentou para 146, conforme informações das autoridades locais.

Além disso, outras 79 pessoas ficaram feridas. Este é considerado o pior incêndio registrado na cidade em várias décadas.

De acordo com o governo, as buscas nos prédios atingidos devem durar entre três e quatro semanas. O fogo consumiu sete torres de 31 andares e levou dois dias para ser completamente controlado.

O incêndio começou em uma rede de proteção que fazia parte das reformas nos andares inferiores e se espalhou rapidamente para os demais prédios.

Até o momento, nove pessoas foram presas sob suspeita de negligência nas obras.

A Unidade de Identificação de Vítimas de Desastres da polícia de Hong Kong tem inspecionado minuciosamente os edifícios do complexo Wang Fuk Court, encontrando corpos tanto em apartamentos quanto nos telhados, informou o oficial responsável, Cheng Ka-chun.

Os edifícios continuam estruturalmente estáveis, porém a busca pelos corpos tem avançado lentamente. Até agora, a equipe já examinou quatro dos sete blocos.

Nas buscas recentes foram encontrados 30 corpos, incluindo 12 que haviam sido localizados pelos bombeiros, mas ainda não recuperados, informou Tsang Shuk-yin, chefe da unidade de vítimas da polícia local.

Cem pessoas ainda estão desaparecidas. No local do desastre, moradores prestam homenagens deixando flores, bilhetes e fazendo orações em memoriais improvisados.

O fogo, iniciado na quarta-feira, foi totalmente extinto na sexta-feira. Os oito edifícios do complexo estavam revestidos por andaimes de bambu cobertos por redes de náilon para obras de renovação, e tinham janelas protegidas por painéis de poliestireno.

As autoridades investigam possíveis violações das normas de segurança contra incêndio.

Em resposta, o governo ordenou a suspensão imediata das obras em 28 projetos ligados à mesma empreiteira, a Prestige Construction & Engineering Company, para auditorias de segurança.

Três homens, diretores e um consultor de engenharia da construtora, foram presos sob acusação de homicídio culposo e negligência grave, e posteriormente detidos novamente por autoridades anticorrupção, junto a outros oito suspeitos, incluindo subempreiteiros e gerentes de projeto.

O complexo em Tai Po, subúrbio próximo à fronteira com a China continental, foi construído na década de 1980 e possui quase 2.000 apartamentos com mais de 4.600 moradores.

Muitos foram realojados em abrigos de emergência ou hotéis temporariamente, enquanto as autoridades buscam soluções permanentes.

Jeffery Chan, funcionário público, manifestou que a situação é “de partir o coração”.

Investigações preliminares indicam que o fogo iniciou em uma rede de andaimes no nível inferior e se espalhou rapidamente devido aos painéis de espuma inflamáveis, com auxílio do vento que fez as chamas se espalharem entre prédios.

Também foi constatado que alguns alarmes de incêndio no complexo, que abrigava muitos idosos, não dispararam.

Entre as vítimas estão sete trabalhadores migrantes indonésios, enquanto dezenas continuam desaparecidos, informou o Ministério das Relações Exteriores da Indonésia. Uma empregada filipina morreu e outras 12 pessoas da comunidade filipina permanecem desaparecidas, segundo o consulado das Filipinas em Hong Kong.

Na cidade, filipinos se reuniram em uma rua para homenagens, orações e cânticos.

Em Pequim, o Ministério de Gestão de Emergências anunciou inspeção nacional de edifícios altos para prevenção de riscos de incêndio.

O incêndio foi o pior desde o fogo em um armazém, em 1948, que matou 176 pessoas. O incêndio mais letal da história de Hong Kong ocorreu no Hipódromo, em 1918, com mais de 600 mortos.

O combate ao incêndio começou às 3h51 no horário de Brasília, com centenas de agentes mobilizados e alerta elevado ao nível 5, o mais alto da escala.

Mil policiais foram deslocados, uma parte da rodovia Tai Po foi fechada e linhas de ônibus desviadas devido às operações.

Hong Kong possui histórico de incêndios graves. O episódio mais impactante antes deste ocorreu em 1996, quando 41 pessoas morreram durante reformas internas resultantes de soldagem.

O uso de andaimes de bambu, comum na arquitetura chinesa, tem sido gradativamente reduzido após 22 mortes entre trabalhadores entre 2019 e 2024, com ao menos três incêndios registrados em 2025 envolvendo essa estrutura.

Créditos: g1

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