Jorge Messias não terá voto de Sergio Moro no Senado para STF
O advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, já contabiliza a ausência do voto do senador e ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro (União Brasil-PR) na sua sabatina para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A votação será na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no dia 10, seguida da análise em Plenário.
Além da ressalva já conhecida do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o voto contrário de Moro se apoia no episódio revelado em 2016, quando um grampo autorizado por Moro mostrou que a então presidente Dilma Rousseff havia preparado um termo de posse para Lula assumir a Casa Civil, garantindo foro privilegiado durante as investigações do petrolão, sendo Messias o portador do documento.
Interlocutores de Messias avaliam que recentes ações de Moro indicam que a tentativa de pacificação entre eles é improvável. Embora Messias tenha declarado ter “perdoado” o ex-juiz pela divulgação da conversa entre Lula e Dilma e pretendesse buscar seus votos, o próprio afirmou que não foi indicado para buscar apoio político, nem para ser ministro de governo ou oposição.
Recentemente, uma publicação de Moro em rede social praticamente descartou qualquer chance de apoio. Moro criticou Messias por emitir parecer favorável ao procedimento de assistolia fetal, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para gestações interrompidas além de 20 semanas, em ação judicial do PSOL ao STF. O senador escreveu: “Ou se é a favor da vida ou se é a favor da morte.”
Além de Moro e Alcolumbre, Messias também não conta com o voto do senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), e grande parte do PL já sinalizou oposição à indicação feita pelo presidente Lula.
Desde 1894, nenhum indicado a ministro do STF teve o nome rejeitado pelo Senado, mas Messias enfrenta um cenário difícil e planeja discutir com Lula um plano para garantir sua aprovação.
Ele solicitou um “rito justo”, que inclui mais tempo para buscar votos e que o presidente do Senado cesse o que seus auxiliares chamam de boicote à sua nomeação. Messias já admitiu que sabia que sua aprovação não seria fácil.
Créditos: Veja Abril