Gleisi nega negociação de cargos após crítica de Alcolumbre ao governo
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, negou que haja negociações de cargos no governo após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ter acusado setores do Executivo de tentar relacionar dificuldades no apoio parlamentar a esse tipo de acordo. A crise se intensificou após a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), contrariando a preferência de Alcolumbre.
Alcolumbre publicou uma nota oficial na qual criticava a suposta interferência do governo no processo de aprovação da indicação de Messias, considerando as insinuações ofensivas ao presidente do Congresso e ao Poder Legislativo. Em resposta, Gleisi afirmou nas redes sociais que o governo tem o máximo respeito pelo presidente do Senado e repudia as acusações de negociação política envolvendo cargos e emendas.
Ela destacou que todo o processo de indicação para cargos como ministros do STF, procurador-geral da República, diretores do Banco Central e agências reguladoras foi conduzido com transparência, respeitando as prerrogativas do Executivo para indicar e do Senado para aprovar os nomes.
Na última quarta-feira, durante a sanção da lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, Gleisi e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogiaram publicamente os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre e Hugo Motta, mesmo eles não tendo comparecido ao evento, fato que evidenciou a tensão existente.
A crise ocorre porque Lula indicou Jorge Messias para a vaga no STF, contrariando a preferência de Alcolumbre pelo senador Rodrigo Pacheco. Com isso, Messias enfrenta dificuldades para obter votos no Senado. Alcolumbre marcou a votação para 10 de dezembro, prazo considerado apertado por aliados do chefe da AGU. Para ganhar mais tempo, o Planalto ainda não enviou a mensagem presidencial ao Senado, documento necessário para que a indicação seja pauta da Casa.
O senador Otto Alencar, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, afirmou que Alcolumbre não pediu cargos em troca de apoio à indicação de Messias e explicou que, sem o envio da mensagem presidencial, a votação poderá ser adiada para o próximo ano, já que o recesso parlamentar começa em 18 de dezembro.
Alencar também ressaltou que não há urgência para a votação, e que o cronograma inicial supunha o recebimento da mensagem presidencial pelo Senado, o que ainda não ocorreu.
Créditos: O Globo