Política
16:09

Messias intensifica busca por votos e aposta em ministros do STF para aprovação

Jorge Messias, advogado-geral da União e indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), iniciou a semana empenhado em reverter o cenário desfavorável no Senado para garantir os votos necessários à sua aprovação.

Fontes do governo ouvidas pelo Estadão/Broadcast afirmam que o AGU adotou uma estratégia ampla de contatos, buscando atrair o maior número possível de senadores antes da sua sabatina, marcada para 10 de dezembro, data que o governo tenta postergar.

Messias enfrenta resistência entre parlamentares e mantém a tática de agendar o máximo possível de reuniões presenciais com senadores, independentemente da inclinação deles a seu favor. Quando não consegue encontros, ele intensifica as ligações.

Além das iniciativas pessoais, ministros do STF, como André Mendonça, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Kassio Nunes Marques, têm telefonado a parlamentares para apoiar o nome de Messias.

O AGU também busca um encontro com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), outra opção para a vaga no Supremo, visando suavizar a oposição ao indicado.

Inicialmente, Messias conversou com governistas propensos a apoiá-lo, especialmente do PSD, que possui a segunda maior bancada no Senado, com 14 senadores, incluindo Otto Alencar (BA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável pela sabatina.

Ele também esteve com membros do MDB, PT e com o relator da indicação, Weverton (PDT-MA), que comparou a situação a uma “granada sem pino” dada a dificuldade para convencer os colegas.

Após essa etapa, Messias deve intensificar o diálogo com senadores de centro e oposição, onde a resistência é maior. Não há previsão para que as maiores bancadas — PL, PSD e MDB — definam um posicionamento conjunto, dado que o voto é individual e secreto.

Alguns integrantes do PL já manifestaram voto contra Messias, reservando eventuais conversas a uma questão de cortesia. Internamente, acredita-se que o partido poderia conceder dois ou três votos ao indicado, diante da identificação com sua fé evangélica e do apoio do ministro Mendonça.

Partidos de centro consideram que a votação não será partidária, exigindo negociação individual.

Messias acompanha ainda a relação tensa entre o presidente Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Alcolumbre apoia a indicação de Pacheco e manifestou insatisfação com o Executivo ao acusar setores do governo de criar uma “falsa impressão” sobre a capacidade de solucionar a crise entre os poderes por ajustes internos. Ele ressaltou que o Senado tem prerrogativa para aprovar ou rejeitar o indicado ao STF.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, respondeu dizendo que o governo não pretende rebaixar o relacionamento com o Senado a meras negociações fisiológicas.

Alcolumbre afirmou que não obstruirá a nomeação de Messias, mas também não atuará a seu favor, tendo marcado a votação para 10 de dezembro, prazo para o indicado conseguir o mínimo de 41 votos.

Devido às resistências, o governo ainda não enviou a mensagem oficial de indicação ao Senado, publicando apenas a nomeação no Diário Oficial da União. Sem essa mensagem, o processo oficial não pode começar, e a Comissão de Constituição e Justiça mantém o calendário flexível, com a leitura do requerimento marcada para 3 de dezembro, sem confirmação.

Esse atraso é interpretado como uma tática para postergar a votação para o próximo ano, dando mais tempo para a coleta de votos. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse que enquanto a documentação não for enviada, a data de votação não deve ser considerada definitiva.

O governo nega uma estratégia deliberada, afirmando que o momento adequado ocorrerá após conversa entre Lula e Alcolumbre para atenuar a tensão institucional.

Randolfe destacou que ainda não há planejamento específico, e que a mensagem será encaminhada no momento oportuno, após diálogo entre os presidentes da República e do Senado.

Créditos: Estadão Broadcast

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