Conflito entre Michelle Bolsonaro e líder do PL no Ceará expõe rachas na direita

O conflito entre Michelle Bolsonaro e o presidente do PL no Ceará, deputado federal André Fernandes, expôs o rancor que os irmãos Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan Bolsonaro, assim como outras lideranças da direita, nutrem contra a postura política da ex-primeira-dama.

A tensão com a esposa de Jair Bolsonaro, que preside o PL Mulher e tenta usar o capital político do marido para influenciar a formação de chapas eleitorais para 2026, ultrapassa uma simples discordância local.

Entre os líderes da direita, comenta-se que o episódio no Ceará revelou o verdadeiro comportamento de Michelle, que estaria agindo de forma a provocar divisão entre os aliados na oposição, ainda sem um candidato oficial contra Lula.

Há desentendimentos envolvendo Michelle e outros dirigentes bolsonaristas sobre as chapas e alianças em estados como Santa Catarina, onde Carlos Bolsonaro aspira o Senado; em São Paulo, onde a ex-primeira-dama busca apoiar a deputada Rosana Valle para a mesma vaga; e no Distrito Federal.

Após crítica pública às negociações de André Fernandes com Ciro Gomes (PSDB), Michelle foi repreendida pelos irmãos Flávio e Carlos, o que diminuiu sua influência na disputa interna para representar a família Bolsonaro nas eleições, especialmente diante do ex-presidente preso em Brasília.

Além de revelar a desaprovação dentro da direita à sua abordagem política, considerada desrespeitosa com aliados, a postura de Michelle acabou por fortalecer a união entre os irmãos Bolsonaro, segundo avaliação de um interlocutor da família. Michelle e Jair Bolsonaro têm uma filha, Laura, de quinze anos.

Um senador bolsonarista resumiu a situação com uma analogia do conservadorismo: “Michelle tenta agir fora de casa como age dentro dela. Bolsonaro suporta para evitar conflitos com a esposa, mas os demais não têm essa obrigação”.

Créditos: Veja Abril