Esquerda tem apoio discreto à indicação de Jorge Messias ao STF nas redes sociais
A indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF), promovida pelo presidente Lula, tem recebido um apoio tímido e discreto da esquerda nas redes sociais.
Enquanto o PT acredita que a distância de Messias em relação ao partido pode facilitar sua aprovação no Senado, a base governista tem focado em outros temas prioritários. Pesquisas indicam baixo engajamento online em defesa do nome, com mais de 50% das mensagens sendo críticas, segundo análise de grupos de WhatsApp feita pela consultoria Palver.
Em mais de 100 mil grupos monitorados, menos de 10% das mensagens diárias sobre a indicação foram favoráveis a Messias. Militantes e influenciadores ligados ao PT também mantêm um silêncio, dedicando atenção a assuntos como isenção do Imposto de Renda, o fim da escala 6×1 e críticas a vetos presidenciais derrubados pelo Congresso na lei do licenciamento ambiental.
Após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, acusar setores do Executivo de tentar ligar dificuldades no Congresso à negociação de cargos, apenas a ministra Gleisi Hoffmann respondeu publicamente, reafirmando respeito ao Senado. Um relatório da FGV Comunicação reforçou o baixo apoio online, destacando que os principais posts sobre Messias vieram da oposição.
No PT, a mobilização discreta é vista como estratégica, com confiança na atuação do líder Jaques Wagner para garantir a aprovação do nome na sabatina da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), marcada para 10 de dezembro.
Alguns setores do partido acreditam que essa distância beneficia Messias, tornando-o mais aceitável para o centro e a direita, que oscilam entre apoio e crítica. A indicação enfrentou também resistência inicial de grupos progressistas que reivindicavam maior representatividade no STF. O coletivo Mulheres que Decidem publicou uma nota de repúdio, argumentando que a escolha deveria priorizar participação social e não apoio de movimentos religiosos.
Com o silêncio da esquerda nas redes, a disputa online sobre a indicação tem se tornado um conflito dentro da própria direita, entre evangélicos que apoiam Messias, que o consideram qualificado para representá-los, e segmentos do bolsonarismo radical.
Segundo o diretor da FGV Comunicação, Marco Aurélio Ruediger, agora que a indicação está formalizada, a contestação dentro da esquerda cessou, mas a disputa se deslocou para divisões internas da direita.
Créditos: O Globo