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10:07

Trump alerta para ‘consequências graves’ sobre apuração eleitoral em Honduras

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta segunda-feira (2) com “consequências graves” caso se confirme a suposta tentativa de alteração dos resultados das eleições presidenciais em Honduras. As eleições enfrentam um empate técnico entre o candidato conservador Nasry Asfura, apoiado por Trump, e Salvador Nasralla.

Trump teve uma postura ativa no pleito de domingo, alertando que poderá suspender a cooperação com Honduras se Asfura, do Partido Nacional, não for declarado vencedor. Em sua rede social Truth Social, o presidente americano disse que “parece que Honduras está tentando mudar os resultados de sua eleição presidencial” e avisou que isto resultaria em graves consequências.

O candidato do Partido Liberal, Nasralla, de 72 anos, foi chamado por Trump de “quase comunista” devido a um cargo que ocupou no governo da presidente Xiomara Castro, de esquerda, embora tenha rompido com ela posteriormente. Nasralla classificou as declarações de Trump como “desinformação mal-intencionada” de seus oponentes.

Asfura, empresário de 67 anos, afirmou estar disposto a colaborar com os Estados Unidos, país que abriga dois milhões de hondurenhos e é o principal parceiro comercial do país centro-americano.

Trump pediu ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que finalize a apuração, que atualmente indica uma vantagem de apenas 515 votos para Asfura, com 57% das atas digitais contabilizadas. Asfura tem 39,91% dos votos, contra 39,89% de Nasralla.

O CNE iniciou a contagem manual dos votos, sem previsão de conclusão, solicitando paciência.

Asfura comentou que os números devem comprovar sua vitória, enquanto Nasralla declarou que só perderia se houvesse fraude.

Este pleito representa um revés para a esquerda, representada pela presidente Xiomara Castro, em um país marcado pela pobreza, violência e corrupção. A candidata governista Rixi Moncada, acusada por Trump de ligação com o ditador venezuelano Nicolás Maduro, ficou a mais de 20 pontos percentuais dos líderes da disputa.

Moncada afirmou que o apoio de Trump a Asfura foi interpretado como uma forma de coerção pelo povo.

Xiomara Castro governa desde 2021, após década do golpe contra seu marido Manuel Zelaya, que havia se aproximado da Venezuela e Cuba, polarizando o cenário eleitoral hondurenho.

Asfura e Nasralla pautaram suas campanhas na tese de que a continuidade da esquerda faria de Honduras uma nova Venezuela, e apoiam o alinhamento com Taiwan, em detrimento da China.

Além disso, Trump anunciou que concederá indulto ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, condenado nos EUA por tráfico de drogas, uma decisão que contrasta com sua pressão contra o narcotráfico na região.

Hernández governou entre 2014 e 2022 pelo partido de Asfura e, segundo a Justiça americana, transformou o país em um narco-Estado. Trump, porém, afirma que ele foi alvo de uma armação do governo Biden.

Moncada criticou o perdão como resultado de negociações das elites locais. A candidata, uma advogada de 60 anos, ressaltou a dificuldade de determinar um vencedor neste momento.

Asfura disputa a presidência pela segunda vez, após perder para Xiomara em 2021, e Nasralla faz sua terceira candidatura.

Apesar da acirrada disputa, os candidatos pouco discutiram temas centrais como pobreza, violência, corrupção e narcotráfico, preocupações fundamentais para os hondurenhos.

Honduras tem 11 milhões de habitantes, dos quais 60% vivem em pobreza, e depende economicamente dos Estados Unidos, que consomem 27% do PIB local graças às remessas de emigrantes.

Cerca de 6,5 milhões de eleitores se registraram para votar em um turno único que também elege deputados e prefeitos para mandatos de quatro anos.

O dia da votação transcorreu com calma, segundo a missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Créditos: Folha de S.Paulo

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