Crise no Senado tem bronca contra Flávio Dino, não contra Messias, diz Ricardo Kotscho
O colunista Ricardo Kotscho avaliou no UOL News – 2ª edição do Canal UOL que a insatisfação de Davi Alcolumbre e de outros senadores não está direcionada a Jorge Messias, mas sim a Flávio Dino.
Segundo Kotscho, o foco da crise entre o presidente do Senado e o governo Lula está nas investigações da Polícia Federal sobre corrupção e emendas parlamentares, assuntos sensíveis no Congresso que impactam diretamente o centrão.
“Existe muita coisa errada e ainda desconhecida. A bronca não é apenas por Alcolumbre não ter sido comunicado sobre a indicação do Messias. A insatisfação de Alcolumbre e dos senadores com o governo Lula tem outros motivos. O problema não é Messias, eles são contra Flávio Dino pelas investigações que ele conduz sobre as irregularidades nas emendas parlamentares. Esse é o grande cerne da questão”, afirmou o colunista.
A Polícia Federal segue investigando não só as emendas, mas também diversos escândalos envolvendo políticos, especialmente do centrão, como casos relacionados ao Banco Master, à Refit e à Carbono Oculto.
Esses esquemas contêm a participação de parlamentares, e a Polícia Federal está cada vez mais próxima de desvendar essas irregularidades.
Kotscho acrescenta que parlamentares tentam limitar o alcance da PF, pressionando o governo, mas Lula teria pouca margem para atuar devido à autonomia dos órgãos de investigação.
“Eles queriam imobilizar a Polícia Federal e que Lula pedisse para a PF conter as ações. Esse é o problema com o Supremo, especialmente pelas investigações que Flávio Dino conduz sobre as emendas parlamentares”, disse Kotscho.
Ele ainda avaliou que, diante do clima exaltado, não há negociação possível e que o motivo real da disputa é o envolvimento de muitos parlamentares em escândalos investigados pela PF.
Sobre a posição de Lula, o colunista explicou que o presidente não pode interferir nas investigações e que a tensão entre os poderes deve persistir em 2026.
“Lula não pode agir nem mesmo em relação ao Supremo. Ele não pedirá que Dino pare de investigar nem que a Polícia Federal recue. A situação lembra a posição de Trump, que queria cancelar processos contra Bolsonaro. Mesmo que quisesse, Lula não poderia agir, pois o caso está sob jurisdição do Supremo e existe independência entre os poderes”, afirmou.
A sabatina de Messias foi adiada para 2026 e não há compromisso do presidente do Senado para realizá-la no próximo ano, segundo a colunista Daniela Lima. A indicação de Messias permanece indefinida.
Créditos: UOL