Messias busca apoio de Moro para votação no STF em Senado
O advogado-geral da União, Jorge Messias, em sua busca pelos 41 votos necessários no Senado para ser confirmado no Supremo Tribunal Federal (STF), pretende dialogar até mesmo com o senador Sergio Moro (União-PR), conhecido opositor de sua indicação.
Messias declarou, terça-feira (2), após sair do gabinete do senador Jayme Campos (União-MT), que tentará contato com Moro, pois ele é senador da República. Aliados do AGU já tentaram marcar uma audiência com Moro, mas sem confirmação até o momento.
Com o adiamento da sabatina e votação do indicado, originalmente previstas para 10 de dezembro, Messias ganhou mais tempo para negociar votos no Senado. A estratégia de procurar Moro é vista como postura republicana por aliados, embora enfrente resistência no PT, especialmente entre os críticos da atuação do ex-juiz na Lava-Jato.
Um interlocutor de Lula afirmou que procurar Moro é uma perda de tempo, pois o senador não adotará uma posição neutra e já indicou voto contra Messias. Ele recordou que Moro prejudicou Lula no período da Lava-Jato e envolveu Messias em conflitos desse processo.
O comentário remete a um episódio da Lava-Jato em que Moro determinou a divulgação de um áudio entre Lula e a então presidente Dilma Rousseff de março de 2016. Na conversa, Dilma diz a Lula que enviará um “termo de posse” como parte de uma estratégia para evitar o impeachment e garantir foro privilegiado a Lula, que havia sido nomeado para um cargo no governo e que posteriormente teve a nomeação suspensa pelo ministro Gilmar Mendes.
Segundo interlocutores, Moro afirmou que Lula ainda não enviou ao Senado a mensagem oficial de indicação de Messias, o que está previsto para ocorrer em breve, conforme o relator Weverton Rocha (PDT-MA), num gesto de conciliação.
Em sua rede social, Moro defendeu o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que trabalha contra a indicação de Messias, afirmando que cabe ao presidente da República indicar e ao Senado aprovar ou rejeitar o nome. Moro manifestou solidariedade a Alcolumbre diante das críticas de setores do Executivo contra o Senado.
Além disso, Moro tem criticado publicamente a posição da AGU, assinada por Messias, contra uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que restringia o uso de uma técnica clínica (assistolia fetal) para a interrupção de gestações decorrentes de estupro após 22 semanas.
Em maio do ano anterior, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu essa norma por pedido do PSOL, solicitado uma manifestação da AGU. A AGU enfatizou tecnicamente que a regulamentação do aborto legal é competência do Congresso, sem entrar no mérito da questão.
Moro publicou em 25 de novembro críticas ao apoio da AGU ao aborto tardio, ressaltando sua oposição pessoal ao aborto e questionando como alguém contra o aborto poderia favorecer um procedimento cruel em gestações avançadas.
Para evitar controvérsias, Messias se reuniu recentemente com membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e afirmou ser contra o aborto.
Créditos: O Globo