Política
10:06

Michelle Bolsonaro critica dirigentes do PL e apoia pré-candidatura no Ceará

Michelle Bolsonaro chegou a Fortaleza no domingo (30/11) com a clara intenção de impedir uma aliança do PL com Ciro Gomes para disputar o governo do Ceará, enfrentando o atual governador Elmano de Freitas (PT).

No evento acompanhado pela BBC News Brasil, surpreenderam seus ataques diretos a dirigentes do PL, incluindo o presidente nacional Valdemar da Costa Neto e o presidente estadual André Fernandes, gerando uma crise entre os filhos do ex-presidente e a direção do partido.

Como presidente do PL Mulher, Michelle foi ao Ceará para apoiar o lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo), seu aliado, que, como ela, é opositor ao direito ao aborto e defensor da vida.

Oito dias após Jair Bolsonaro ser encarcerado pela Polícia Federal, Michelle foi recebida com entusiasmo pelo público e atuou como porta-voz do marido, posicionando-se diante de um totem com a imagem dele e a frase “FALEM POR MIM”.

Ao discursar, criticou Valdemar, exaltou sua liderança no PL Mulher e ressaltou que desde março de 2023, com sua presidência, o partido ganhou 51 mil novas filiadas, aumento seis vezes maior que a média de outros partidos no mesmo período.

“Se o meu presidente apoia outro candidato, é ele, ele não me representa, ele não fala por mim, eu tenho autonomia no meu movimento que se tornou o maior da história”, declarou.

Ela também citou ataques do ex-governador Ciro Gomes a Bolsonaro, inclusive a celebração da inelegibilidade do ex-presidente pelo TSE, levantada pelo deputado André Fernandes sobre a precipitação na aliança com Ciro.

Fernandes, que quase derrotou o PT na prefeitura de Fortaleza em 2024, foi convidado nominalmente por Michelle para uma foto em apoio à pré-candidatura de Girão, o que causou constrangimento.

Seu discurso incluiu referências bíblicas e exaltações ao eleitorado feminino, afirmando que “nós somos a força delicada que vai transformar o mundo” e destacando a importância do voto das mulheres.

Flávio Bolsonaro classificou a atuação de Michelle contra dirigentes do PL como constrangedora, indicando ter havido troca de desculpas e a suspensão da possível aliança com Ciro Gomes.

Após o encontro, Michelle publicou uma mensagem de união em suas redes sociais, mas nos bastidores, setores críticos do PL veem o episódio como prejudicial às suas chances de integrar uma chapa presidencial em 2026.

Nos bastidores políticos, há especulação sobre candidaturas, inclusive de Michelle ao Senado pelo Distrito Federal, onde teria alta probabilidade de vitória, e sua atuação dividindo estratégias e candidaturas dentro do PL.

No Ceará, a disputa pelo Senado também está conflituosa, com Michelle apoiando candidatas alinhadas a seu perfil conservador, enquanto o PL trabalha alianças diferentes em várias regiões.

A crise no Ceará expôs uma disputa interna desde que Bolsonaro perdeu espaço político após sua prisão domiciliar e condenação, e Michelle assumiu protagonismo nas articulações eleitorais da direita, gerando incômodo entre a família e o partido.

A ex-primeira-dama tem construído um grupo político próprio com forte apoio feminino e religioso, apoiando candidaturas alinhadas às suas pautas, o que dificulta seu enquadramento pelo PL.

Essa movimentação acontece com a proximidade das eleições de 2026, que serão decisivas para o Senado, um foco prioritário do bolsonarismo para influenciar o STF e decisões políticas importantes.

Michelle tem apoiado mulheres conservadoras e levantado pautas como a oposição ao aborto e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, o que às vezes entra em conflito com a cúpula do partido e interesses locais.

Outros nomes da direita disputam espaço, incluindo deputados federais e governadores, enquanto Michelle segue sendo uma liderança que pode disputar o Senado ou outro cargo eletivo.

A pesquisa AtlasIntel/Bloomberg de novembro aponta Michelle e Tarcísio de Freitas empatados tecnicamente com Lula para 2026, indicando competitividade na eleitoral futura.

Créditos: BBC

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